Brasília 5 ponto 5 é, há 42 anos, a
cidade-minha. Aquela que escolhi pra estudar, trabalhar, morar, constituir uma
família e viver em paz com os amigos. Brasília tem a capacidade de se
internalizar na nossa alma e na forma de pensar e de agir de cada um de nós.
Uma cidade que nos ajuda a projetar o futuro de forma ampla, traçado a partir de novos horizontes, com um visual moderno e um pensamento inclusivo. Talvez devamos isso ao seu desenho urbanístico
e a sua ousadia arquitetônica, mas também ao que ela se propôs ao ser criada.
Quando aqui cheguei, em janeiro de
1973, Brasília era uma garota de quase 13 anos. Cheia de vitalidade, sonhos e
esperanças. Os problemas maiores que cercam uma grande cidade ainda não se
apresentavam de forma ostensiva, mas já davam os seus primeiros sinais, nas
quadras, superquadras, eixos, vias e rodovias que desembocavam, cada vez mais,
em novas cidades.
Vejo Brasília em três vértices e tento
expressá-los nos poemas que se seguem. E deixo aqui meus parabéns a essa cidade
tão querida e inspiradora. Cidade do futuro, mas que traz em sua bagagem um
passado enriquecido pelos sonhos e esperanças de seus filhos-criadores, com um
presente pujante e amplo de possibilidades.Foto: Ronaldo Silva |
Horizonte em tela
Final de
tarde em Brasília
Traz uma
beleza infinita,
Que se
perde no horizonte
E se
encontra nos corações.
Da
Catedral ao Cruzeiro,
Em pleno
inverno seco,
As luzes
se dissipam
Convergem-se
ao passar
Pelo
memorial de JK,
Como um
prisma de nuvens.
E as
imagens da Esplanada
Seguem
pela torre, engalanadas,
Como se o
centro do Universo
Fosse
aqui, nas convenções
Criadas
pelo traço do artista
Eterno,
criador da natureza.
A cruz
primeira do Cruzeiro
É o gesto
final, derradeiro,
Para que
o cavalete divino
Estique a
tela do Senhor.
Faz-se a
pintura maior,
Tingem-se
as cores no céu
E o poeta
crê que isso é amor...
A lua dá
os matizes finais,
As
estrelas salpicam no pano,
E a
cidade dorme suavemente...
Superquadras
Quadras
quadradas,
Retângulos
obtusos,
Saídas em
círculos
De retas
infinitas...
Triângulo
(in) vértice,
Curvas
imaginárias,
Onde
paralelas finitas
Enfim se
encontram
Entre
duas asas.
Povo e
povoado
Distantes
do amanhã.
Casa e
casebre...
Longe,
perto, edifício...
Um mato
que mata
Um sonho,
pesadelo.
Árvore
arvoredo...
De buscar
bem cedo
Antes que
o retorno
Sombrio
da noite
Tire o
Eixo dos eixos.
Brasília
em brasa.
Círculo
do circo
Que teima
em circular.
Brasília
de traços
Vistos do
horizonte...
Hoje
ainda de manhã,
Belas
tardes de ontem.
Acorda Brasília!
Brasília,
Brasília
Não és
mais uma ilha,
Cercada
de fantasias...
És
senhora, adulta,
Cortada
por viadutos
E vias
congestionadas.
Por
cidades-satélites,
De luzes reticentes
Que não
brilham como a tua...
Por ruas
que não se cruzam
No esplendor
da simetria,
Na
grandeza de monumentos
Que
ostentas em curvas,
Entre
retas infinitas...
Avião de
asas cortadas,
Piloto
sem plano de voo,
Perdido
no quadrilátero
Incrustado
no coração
De um
Brasil Central,
Pleno de
indiferenças...
Brasília,
Brasília...
Não mais
sorris aos filhos
Adotados
e aos que são teus,
Que te
ergueram e foram
Erguidos
aos céus,
No sonho
de dom Bosco,
Entre
suor e lágrimas candangas.
Acorda
antes que o sonho
Desperte
o medo
No século
do pesadelo,
Acorda
Brasília!
Ouça a
voz que ecoa
No
Planalto Central:
Ainda és
sonho,
Esperança
de vida!
Parabéns Zeca., gostei muito. Sabe que foi de Uruaçu a madeira doada para fazer o Cruzeiro da fundação da capital? Encontrei um documento antigo onde o prefeito fazia o termo de doação. Abraços
ResponderExcluirNão sabia disso. Essa informação é valiosa. Por favor, amiga, manda esses documentos para o meu e-mail: jccbarroso@gmail.com.
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