A música popular brasileira, rica e
bela como poucas neste mundão de Deus, tem algumas lacunas que às vezes nos
deixam entristecidos. Tenho certeza, por exemplo, de que muito pouca gente, mesmo
entre os bem-informados e amantes da música, sabe quem foi Rodrigo Rodrigues.
Pra quem não o conheceu, esse artista nos deixou com apenas 44 anos de idade, em 2005. Seu único
disco foi lançado dois anos depois, em 2007, com o título de Fake Standards, e nele Rodrigo Rodrigues
faz belas releituras de clássicos da música americana. A obra foi pouco ou mal
divulgado pela mídia, tornando-se um trabalho até hoje simplesmente desconhecido.
O curioso na curta trajetória desse
brasileiro é que o disco já estava gravado desde o ano de 2001, num estúdio
do Rio de Janeiro, com a participação especial do violonista Mário Manga. Nele,
Rodrigo Rodrigues canta, toca violão, clarinete, sax e faz solos de harmônica,
tudo isso com extraordinário talento. Outro detalhe importante: junto com o
próprio Mário Manga e Fábio Tagliaferri, Rodrigo fez parte, durante 16 anos, do
grupo Música Ligeira, que gravou dois
CDs e um DVD e foi extinto em 2005 com a morte do cantor.
Rodrigo Rodrigues (violão) no grupo Música Ligeira |
Rodrigo sofreu influência do jazz
americano, mas traz na voz e no suingue do violão o jeito brasileiro de cantar
e de tocar consagrados por João Gilberto. Tentei, em vão, encontrar Fake Standards nas discotecas de
Brasília. Nada. A informação é de que está esgotado até na gravadora. Pelo
menos, consegui baixá-lo pela internet. É simplesmente maravilhoso!
São 14 canções de autores como Irving
Berlin, Kurt Weill, Burwell, Harold Arlen, Maxwell Anderson, e que fizeram
extraordinário sucesso nas vozes de Fred Astaire, Frank Sinatra, Ella
Fitzgerald e Chet Baker, entre tantos outros. O rapaz foi ousado, mas tinha
talento para tanto desafio. Conseguiu realizar um trabalho de raro valor artístico
e colocar seu nome entre os melhores cantores da música brasileira.
Abaixo uma pitada desse belo disco na
antológica It’s Only a Paper Moon, de
Harold Arlen, com letra de E. Y. Harburg e Billy Rose. Também vale a pena ouvir
e apreciar a interpretação que Rodrigo deu à música tema do filme Laura,
composição de David Raksin, que depois da película ganhou letra de Johnny Mercer.
Quem aprecia música tem obrigação de
procurar conhecer o disco Fake Standards e ajudar a perpetuar a memória desse
talento que foi Rodrigo Rodrigues. Confesso que me emocionei ao ouvir o CD e
tenho certeza de que os amigos e amigas do blog sentirão o mesmo.
Rodrigo Rodrigues morreu em 06 de
abril de 2005, exatamente no dia em que estava completando 44 anos de idade, depois de
passar dois anos lutando para vencer uma leucemia. Ou seja, já fazem dez anos que ele nos deixou, e nós pouco o conhecemos. É muito triste.
Coisa fina essa música e essa interpretação de Rodrigo Rodriguez. Confesso que esses belos standards, na macia voz de Rodriguez, me eram desconhecidos. Tem momentos que lembra oti
ResponderExcluir