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Entre o pequeno
público dos idos de 1959 à calorosa plateia deste ano, no último mês de julho,
existe em comum o talento, a simpatia e a paixão pela música a marcar a vida de
um cantor de boleros e canções seresteiras. Lá, às vésperas da inauguração de Brasília,
tinha o então presidente Juscelino Kubitschek entre os poucos e
atentos ouvintes do jovem seresteiro Fernando Lopes, goiano de
Piracanjuba. Mais de cinco décadas depois, uma multidão de amigos e admiradores,
construídos e conquistados nesses 56 anos, comprimiram-se no aconchegante
espaço do Feitiço Mineiro para matar a saudade de rever e ouvir Seu Fernando.
A amizade com o presidente
bossa-nova permitiu a Fernando Lopes conviver com o mundo artístico, incluindo, entre
outros, Sílvio Caldas, Dilermando Reis e Luís Vieira. Fez parte do primeiro cast de artistas da Rádio Nacional, em
Brasília, e trabalhou em peças de teatro. Graças à sua sugestão e
sensibilidade, o cerimonial da Presidência da República utilizou pela primeira
vez na história, ao receber o presidente americano Eisenhower, um arranjo de
flores secas do Cerrado.
Daqui mesmo deste Planalto
Central, Fernando Lopes viu passar os tempos da bossa nova, jovem guarda, rock’n’roll,
e outros gêneros, sempre fiel ao estilo de cancioneiro e seresteiro de um
Brasil bem interiorano. Sempre cercado de amigos e admiradores apaixonados pela
boa música. Foi assim que o conheci nas rodas de chorinhos e outras bossas no
espaço musical do Grao, nas noites de domingo, no Lago Norte. E também nas
noites de sexta-feira, no Quituart,
dividindo um saboroso chope no Butequim
do Tuim. De lá para cá, ficamos amigos e ele ganhou mais um admirador.
A volta de Seu Fernando aos
palcos trouxe também o retorno de Tião Ribeiro, fundador do conjunto de baile Squema 6, um dos mais tradicionais do
Centro-Oeste. O violonista Tião também é goiano, de Silvânia, e um excelente instrumentista.
A produção e o roteiro musical receberam uma pitada do talento dos jornalistas
Paulo Pestana e Luís Jorge Natal.
Bem ao estilo de jornalista fuçador do mundo
virtual, pesquei três vídeos e os resgatei aqui para o ZecaBlog. Os amigos
merecem esse deleite. No primeiro vídeo, La
Barca, composição de Roberto Cantoral; na sequência, Tu Me Acostumbrastes, de Frank
Domingues; e, por último, Quizás,
Quizás, Quizás, de Oswaldo Farrés.
Deve pintar por aí um registro dessa página importante da história
musical de Brasília, um consolo para os fãs que se acotovelaram na calçada do
Feitiço Mineiro, mas não conseguiram o privilégio de ver e ouvir Seu Fernando
ao vivo.
Belas e sucintas palavras. Grande prazer em ler suas histórias. Parabéns ao criador e a criatura.
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