sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Flores do Cerrado pra homenagear o talento de Fernando Lopes

Foto Divulgação
Entre o pequeno público dos idos de 1959 à calorosa plateia deste ano, no último mês de julho, existe em comum o talento, a simpatia e a paixão pela música a marcar a vida de um cantor de boleros e canções seresteiras. Lá, às vésperas da inauguração de Brasília, tinha o então presidente Juscelino Kubitschek entre os poucos e atentos ouvintes do jovem seresteiro Fernando Lopes, goiano de Piracanjuba. Mais de cinco décadas depois, uma multidão de amigos e admiradores, construídos e conquistados nesses 56 anos, comprimiram-se no aconchegante espaço do Feitiço Mineiro para matar a saudade de rever e ouvir Seu Fernando.
A amizade com o presidente bossa-nova permitiu a Fernando Lopes conviver com o mundo artístico, incluindo, entre outros, Sílvio Caldas, Dilermando Reis e Luís Vieira. Fez parte do primeiro cast de artistas da Rádio Nacional, em Brasília, e trabalhou em peças de teatro. Graças à sua sugestão e sensibilidade, o cerimonial da Presidência da República utilizou pela primeira vez na história, ao receber o presidente americano Eisenhower, um arranjo de flores secas do Cerrado.
Daqui mesmo deste Planalto Central, Fernando Lopes viu passar os tempos da bossa nova, jovem guarda, rock’n’roll, e outros gêneros, sempre fiel ao estilo de cancioneiro e seresteiro de um Brasil bem interiorano. Sempre cercado de amigos e admiradores apaixonados pela boa música. Foi assim que o conheci nas rodas de chorinhos e outras bossas no espaço musical do Grao, nas noites de domingo, no Lago Norte. E também nas noites de sexta-feira, no Quituart, dividindo um saboroso chope no Butequim do Tuim. De lá para cá, ficamos amigos e ele ganhou mais um admirador.
A volta de Seu Fernando aos palcos trouxe também o retorno de Tião Ribeiro, fundador do conjunto de baile Squema 6, um dos mais tradicionais do Centro-Oeste. O violonista Tião também é goiano, de Silvânia, e um excelente instrumentista. A produção e o roteiro musical receberam uma pitada do talento dos jornalistas Paulo Pestana e Luís Jorge Natal.
Deve pintar por aí um registro dessa página importante da história musical de Brasília, um consolo para os fãs que se acotovelaram na calçada do Feitiço Mineiro, mas não conseguiram o privilégio de ver e ouvir Seu Fernando ao vivo.
Bem ao estilo de jornalista fuçador do mundo virtual, pesquei três vídeos e os resgatei aqui para o ZecaBlog. Os amigos merecem esse deleite. No primeiro vídeo, La Barca, composição de Roberto Cantoral; na sequência, Tu Me Acostumbrastes, de Frank Domingues; e, por último, Quizás, Quizás, Quizás, de Oswaldo Farrés.




Um comentário:

  1. Belas e sucintas palavras. Grande prazer em ler suas histórias. Parabéns ao criador e a criatura.

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