quinta-feira, 20 de abril de 2017

A chacina do Realengo, seis anos depois


Alguém se lembra do Massacre de Realengo? Neste mês de abril, essa tragédia está completando seis anos. A chacina ocorreu no dia 7 de abril de 2011, por volta das 8h30 da manhã, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Um rapaz de 23 anos, Wellington Menezes de Oliveira, invadiu a escola armado com dois revólveres calibre 38 e começou a disparar contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 13 e 16 anos, e deixando mais de treze feridos. O rapaz, ao ser interceptado e baleado por policiais, cometeu suicídio.
Amigos e familiares das vítimas não se conseguem se livrar da dor e do trauma deixado pela chacina.



No ano de 2015, um monumento em homenagem às doze crianças e adolescentes foi inaugurada numa praça, nos fundos do colégio. São 11 estátuas com o rosto de onze vítimas e uma estátua de uma borboleta, que representa a 12ª vítima (os pais pediram para não ser moldado o rosto da filha).
As grandes tragédias acontecem no Brasil, mas, rapidamente, caem no esquecimento. O crime causou comoção nacional e teve ampla repercussão internacional. Na época, chocado com a dimensão desse acontecimento, escrevi os versos abaixo, como uma forma de homenagear principalmente as mães daqueles garotos e garotas.
Resgato o texto com a esperança de ajudar a refrescar nossa memória, e não deixar que essas tragédias simplesmente caiam no esquecimento. São seis anos apenas, mas, tenho certeza, muitos já esqueceram.

Rio de sangue
José Carlos Camapum Barroso

O sangue viscoso,
Que desce escadas,
Sobe pelas paredes
Até o quadro-negro...

Borra janelas,
Transpõe muros,
Atravessa ruas,
E escala morros...

Fere montanhas,
Arranha encostas.

Expõe-se ao mundo,
Nos braços abertos
Do Cristo, redentor...
Do pão, de açúcar,
Das praias, abertas,
Da cidade, maravilhosa.

O sangue é jovem.
Não para de jorrar
Por veias abertas
De um país, livre...
De um mundo, novo,
De uma Terra, global,
Do Universo, infinito.

O sangue é forte.
Lágrimas apenas
Não o contém.
O sangue é jovem,
Viscoso e vivo,
Afia e desafia
Dores de mães
Do Realengo.

O Rio é um mar,
Tinto de lágrimas.
O Rio é salgado...

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