Em 2014, Mônica Salmaso nos
encantou com o belo CD Corpo de Baile (para ler clique aqui),
resgatando e revelando canções maravilhosas de Guinga e Paulo César Pinheiro.
Neste mês de agosto, lançou o disco Caipira, um
mergulho profundo e requintado às raízes de um gênero musical que é a cara do
interior brasileiro, principalmente de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso. Mônica alia seu talento de cantora à paixão pela pesquisa de
informações e peças que compõem o cenário musical brasileiro.
Caipira é uma prova inconteste
da importância dessa artista para a música popular brasileira. Um projeto que
começou a tomar forma há 14 anos, quando ela foi apresentar o show Casa de Caboclo, promovido pelo Sesc de
São Paulo. Nesse mergulho ao longo de mais de uma década, Mônica Salmaso
visualiza um universo mais ruralista do que propriamente caipira, o que dá ao
álbum, além de requinte de arranjos e harmonias, uma amplitude temática capaz
de incluir Alvoradinha e a alma nordestina, com suas tradições orais e religiosas, o talento
baiano de Roque Ferreira, Gilberto Gil e Nana Caymmi, além do requinte carioca
de Cartola, com a tragédia passional de Feriado
na Roça.
No bom sentido, Mônica
Salmaso, dessa vez, pulou o corguinho,
num salto de qualidade que leva consigo a viola caipira de Neymar Dias, um dueto
com Rolando Boldrin, canções como Minha
Vida (Carreirinho e Vieira, de 1955), a belíssima Leilão (Hekel Tavares e Joracy Camargo, de 1933) e o sucesso Saracura Três Potes (Cândido Canela e Téo
Azevedo), gravada em 1983 por Tonico e Tinoco.

É preciso ouvir para sentir
a delícia poética de Primeira Estrela de
Prata (Rafael Alterio Rita Alterio, de 2013), que já foi gravada com o
título de Lua Madrinha. O disco todo
é um deleite para a nossa sensibilidade. Traduz e enaltece um Brasil rural,
interiorano e ao mesmo tempo sofisticado e grandioso.
Mais um álbum para mostrar
que a música popular brasileira não perdeu sua capacidade de produzir obras
primas. Que venham outros.
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