terça-feira, 31 de julho de 2018

O eclipse passou; fica a lua, a música e a poesia


O lado lunático da lua
(José Carlos Camapum Barroso)

A escuridão comeu a lua,
Em pleno céu de Brasília.
O homem que vinha pela rua
Nem notou... nem sentiu a mordida.

Então a lua, entristecida,
Meio amuada, meio contida,
Vestiu-se novamente de noiva:
Vagarosamente embranquecida.

São Jorge respirou, aliviado...
Podia continuar a batalha
Eterna com o dragão pela vida.

Os namorados, enternecidos
Beijaram-se aliviados, escondidos...
Temiam que a lua, enegrecida,
Jamais voltasse a produzir luar.

O que fazer pelas ruas, então?
Voltar ao lar, cabisbaixo,
Pro magnetismo da televisão?

- Não, não! Disse a lua constrangida.
- Eis-me aqui, noiva arrependida,
A clarear a noite de sua vida.

E assim passou o eclipse lunar,
Como passa o passo do exibicionista.
E a lua, ainda lenta, continua a vagar...
Deixando a escuridão amortecida.




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