domingo, 5 de agosto de 2018

Tempo, tempo, tempo... esse ser inventivo e belo


O tempo tem sido, ao longo da história da humanidade, um grande desafio e ao mesmo tempo uma fonte inesgotável de prazer do ponto de vista do conhecimento, da cultura, poesia e filosofia principalmente. Vários filósofos mergulharam de cabeça e mente no tema, convencidos da sua grandeza e complexidade. Um enigma a ser decifrado desde a antiguidade até os dias atuais.

Santo Agostinho nos dá o tom exato dessa complexidade. Dizia: “O que é, portanto, o tempo? Se ninguém me pergunta, seu sei; se quero explicá-lo a quem me pergunta, não sei”. Para Imannuel Kant, o tempo é um dos esquemas mentais; o outro, seria o espaço. O tempo é a forma do sentido interno, a intuição de nós mesmos e do nosso estado interior. O espaço estaria limitado aos fenômenos externos. E estes obedeceriam à condição formal da intuição interior, o próprio tempo, que seria a condição a priori de todo o fenômeno.


Nietzche dizia que viver é como se tudo tivesse que retornar. Isso nos remete a Descarte, que considerava fundamental, além da leitura dos livros, viajar e viajar, como forma de conhecer outros povos, outras culturas e poder alcançar uma visão mais segura do passado. Chegou a se alistar em exércitos estrangeiros para poder ganhar maior mobilidade. Depois, vendeu seu patrimônio e continuou viajando no espaço e no tempo.

Mas, para o filósofo Bérgson, o tempo da vida é a duração do presente. O presente é o que nos impele à ação. Em se tratando da ação, o passado é essencialmente impotente. Seria inútil caracterizar a lembrança de um momento no passado sem começar a fazê-lo pela consciência da realidade presente.

E os poetas? Mário Quintana chegou a escrever um belo livro chamado Os Esconderijos do Tempo. Caetano Veloso, uma lindíssima canção denominada Oração ao Tempo. E muitos outros poetas, músicos e escritores viajaram por esse tema.

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
Mário Quintana

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Acho que se tivesse a mesma oportunidade que almejou esse poeta referência para nossa cultura, faria algo semelhante. E se tivesse o mesmo dom do artista Caetano Veloso, diria aos quatro ventos: Tempo, és um dos deuses mais lindo...

Segue a minha modesta contribuição para o tema. E uma intepretação louvável, no tempo e no espaço, para a música de Caetano, com Maria Bethânia.






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