sábado, 29 de dezembro de 2018

Hora de dar graças e de renovar nossos sonhos



Sempre assim. Fim de ano é tempo de coisas novas e velhas ocuparem espaços midiáticos.  Agora, elas ocupam também as redes sociais, onde se tem e se vê de tudo; inclusive e principalmente, nada. Terminamos por descobrir, ao final e ao cabo, que as coisas velhas não são tão velhas assim, e as novas não chegam a ser novidades no ritual repetitivo das passagens de ano. 
O final de 2018 não foge muito ao padrão de outros finais de ano. Nem o fato de ter sido um ano de eleições e Copa do Mundo trouxe “novidades novas”, como gosta de dizer o amigo Marco Túlio, Tuim. O rol de expectativas foi grande, mas acabamos nas mesmices de sempre.
Os desejos de Ano Novo são renovados, e vêm cheios de esperanças e sonhos. Todos temos certeza de que 2019 será melhor do que 2018, mesmo que algumas previsões apontem em direção contrária. Danem-se as previsões, principalmente as alardeadas pelos economistas de plantão. Eles sempre erram mesmo.
Se as previsões boas não se confirmarem e os nossos desejos não se realizarem, também não será o fim do mundo. Depois de 2019, virá o de 2020, abrindo as portas para mais uma década de esperanças e sonhos. E assim será, sucessivamente. Sempre assim.



O mundo, como dizia o poeta maior Carlos Drummond de Andrade, é vasto. Ele continuará a dar sua volta elíptica em torno do sol; e nós, aqui na terra, continuaremos a sacudir a poeira e a dar a volta por cima. (Um parêntese para lembrar que está de volta a teoria de que a terra é plana... fechemos rápido o parêntese).
Passagem de ano é bom para desejarmos o que há de melhor a todos. Faço minhas as palavras de Drummond no poema abaixo, nos belos versos de Desejos.
Republico meus versos sobre o Velho Ano Novo. Pequena reflexão sobre este momento tão comemorado e comentado mundo afora. Que 2019 encha os nossos olhos de alegria! A humanidade de poesia! E de música, os corações! 
Teremos mais chance de sermos felizes e enterrar de vez as previsões dos pessimistas. No mais, agradecer a Deus pelas graças alcançadas. Melhor ainda ouvindo Gratias agimus tibi, de Johann Sebastian Bach.

Velho Ano Novo
José Carlos Camapum Barroso

Fim de ano é roupa branca,
Alma limpa e coração aberto.
O amor de sempre por perto
E um pipocar de esperanças.

Champanhe explode no ar
E os fogos, em artifícios,
Colorem o céu de ilusões...

Risos e abraços nos salões,
Gritos e choros nas calçadas
Cobertas de lágrimas e suor.
Papel picado e lata de cerveja...

Vai a noite, some a lua...
Os primeiros raios de sol
Trazem o ano novo pra rua.
Garis fantasiados de homens
Varrem restos de alegria.
O bar se fecha, abre a padaria.
Os jornais chegam mais cedo
A estampar notícias velhas
E as previsões de sempre.

O ano foi ruim... Este será bom!
O ano acabou... O mundo, não!
O mundo...? É vasto o mundo.
Eu nem me chamo Raimundo. 
Muito menos, Drummond.

Desejos
Carlos Drummond de Andrade

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo.


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