João é único e exemplar. Sem igual. Um divisor de
tempos. Daqueles artistas que fazem a vida parar sempre que se manifestam.
Qualquer referência à João Gilberto deve ser no presente a refletir futuro. Não
existe passado quando se fala de um artista dessa grandeza. João morre no
sábado, dia 6 de junho. É velado no domingo, enterrado e referenciado em plena
segunda-feira, com a certeza de que estará, todos os dias, presente.
Porque sua obra é grandiosa atravessa fronteiras,
gerações, barreiras e preconceitos. João é silêncio hoje, não por ter nos
deixado, aos 88 anos de idade. Mas, porque o silêncio existe à sua volta para
referenciá-lo e ouvi-lo na plenitude da sua arte.
Nossa geração é João Gilberto, embora sejamos
todos filhos da Jovem Guarda, dos Beatles, de Caetano e Chico, do samba, boleros,
Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, festivais, arraias, Hermeto, Bonfá, Rafael, Cartola
e Tom Jobim. Acima, à parte, nossa referência é João Gilberto, a quem nada se
compara. O Garrincha da nossa música dribla, com harmonia, no compasso, passo a
passo, todas as mediocridades que a vida nos apresenta.
Simples. João Gilberto nos ensina que a beleza da
arte está na capacidade de harmonizar a complexidade da vida numa nota só,
harmônica, suave e bela. É referência para todos os artistas que vieram depois
dele. E continuará sendo enquanto existir... e existirá para sempre.
João não se conjuga no pretérito-perfeito, menos
ainda no imperfeito, porque é e sempre será mais-que-perfeito. O passado em
João são as fontes em que sacia sua sede do presente e inspira a nossa certeza
do futuro.
João Gilberto não é Bahia. Não é Copacabana, Rio
de Janeiro. É mais do que Brasil. É universal.
Sua musicalidade nos dá contentamento, encanta e
reluz. Por isso é único e exemplar.
Sem igual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário