Agosto é
mês do desgosto, diz o dito popular. Existem dezenas de casos que são citados
para dar guarida a essa máxima. E ela vem se sustentando ou sendo sustentada,
aqui no Brasil, há décadas.
Mas, sempre
tem um porém, o mês de agosto, pelo menos aqui em casa, deu um bom sinal este
ano. Apesar do clima muito seco, nenhuma chuva, muita poeira, queimadas e o
calor chegando, devagarinho, pude sentir pelo menos um alívio no ar. O Sabiá
começou a cantar no nosso quintal, bem mais cedo.
Os ipês amarelos já deram o ar da graça na imensidão do Planalto e bem aqui no conjunto onde moro. Além do belo, de todos os anos, o alvorecer, o pôr do sol, os últimos raios de claridade a refletir na névoa seca...
Os ipês amarelos já deram o ar da graça na imensidão do Planalto e bem aqui no conjunto onde moro. Além do belo, de todos os anos, o alvorecer, o pôr do sol, os últimos raios de claridade a refletir na névoa seca...
Enfim,
agora, o canto divino do sabiá-laranjeira, a anunciar a chegada, ainda longe,
da Primavera. É prenúncio de chuva? Talvez, ainda não. Mas traz uma paz para os
nossos corações, alguma inspiração poética e a bela canção de Tom Jobim e Chico
Buarque, vencedora do Festival Internacional da Canção, de 1968, na voz
inesquecível de Elis Regina, que diz, com seu sorriso ancho: "Vou voltar,
sei que ainda vou voltar..." Quem sabe. A esperança é a última que morre e
está sempre a alimentar nossos sonhos.
Hoje, dia 17 de agosto, um sábado, a Stela, minha mulher e companheira de tantas primaveras, chamou minha atenção: “olha o Sabiá está cantando”. É sempre bom ouvir, pela primeira vez no ano, o cantar desse pássaro tão querido pelos brasileiros. Já estava com saudade desse canto suave e acolhedor.
Que venham
a Primavera, a chuva do caju e o cantar de todos os pássaros.
O cantar do
Sabiá
(José
Carlos Camapum Barroso)
Sabiá, no quintal, cantou, depois de
um longo e tenebroso inverno...
Era fim de tarde, início de manhã?
Sei apenas que o mundo mudou:
Veio o ar da Primavera, o gosto seco
de chuva...
O vento de setembro pôs fim ao de
agosto.
Sabiá-laranjeira, ave do peito-roxo,
Canto de primeira, som de Altamiro
Carrilho na flauta...
Meu sabiá, bandeira, Brasão infinito
de um Brasil brasileiro.
Sabiá-ponga,
Sabiá-piranga,
Meu Caraxué!
O sabiá-laranja
Cantou um canto triste no
terreiro?
Barriga-vermelha, de um canto fino,
Um cantar sovina, bem brasileiro.
Sabiá, sabiá
Não me leve a mal...
Vem cantar de novo
Aqui no meu quintal.
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