quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

2020 será melhor, pior ou igual ao ano que passou


Devemos atentar, sim, para os astrólogos e “previsionistas” de plantão. Eles não erram nunca. Garantem que o ano de 2020 será muito pior ou muito melhor do que 2019. E tem os que asseguram: vai ser tudo igual.
Também, se as previsões não se confirmarem, não será o fim do mundo. Depois de 2020, virá o de 2021 e assim, sucessivamente. O mundo, como dizia o poeta maior Carlos Drummond de Andrade, é vasto. Ele continuará a dar sua volta elíptica em torno do sol; e nós, aqui na terra, continuaremos a sacudir a poeira e a dar a volta por cima.


O ano passado, foi surreal. A Terra voltou a ser plana. O poema de Drummond ganharia um sentido ainda mais amplo. O mundo planista é com certeza bem mais vasto. Difícil será, a partir de agora, dar a volta elíptica em torno do astro rei. 
Passagem de ano é bom mesmo para desejarmos o que há de melhor a todos. Faço minhas as palavras de Drummond no poema abaixo.


Os meus versos, postados abaixo, são apenas uma pequena reflexão sobre este momento tão comemorado e comentado pelo mundo afora. Que 2020, e toda nova década, encha os nossos olhos de alegria, a humanidade de poesia, e de música, os corações! Teremos mais chance de sermos felizes e enterrar de vez as previsões dos pessimistas.
No mais, agradecer pelas graças alcançadas, de preferência ouvindo Gratias agimus tibi, de Bach.
Beijos no coração.
Desejos
Carlos Drummond de Andrade

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo.

Velho Ano Novo
José Carlos Camapum Barroso

Fim de ano é roupa branca,
Alma limpa e coração aberto,
O amor de sempre por perto
E um pipocar de esperanças.

Champanhe explode no ar
E os fogos, em artifícios,
Colorem o céu de ilusões...

Risos e abraços nos salões,
Gritos e choros nas calçadas
Cobertas de lágrimas e suor.
Papel picado e latas de cerveja...

Vai a noite, some a lua...
Os primeiros raios de sol
Trazem o ano novo pra rua.
Garis fantasiados de homens
Varrem restos de alegria.
O bar se fecha, abre a padaria.
Os jornais chegam mais cedo
A estampar notícias velhas
E as previsões de sempre.
O ano foi ruim! Este será bom!
O ano acabou... O mundo, não.
O mundo? É vasto o mundo.
Eu nem me chamo Raimundo
Muito menos, Drummond.

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