quinta-feira, 19 de março de 2020

Mortes e isolamentos fazem a tristeza se espalhar pelo mundo


Triste tempo este que estamos a viver, como diriam os patrícios. A ponto de a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, afirmar que se trata do maior desafio depois da reunificação e uma das maiores tragédias depois da Segunda Guerra Mundial. O novo coronavírus espalhou-se pelo mundo, e a doença da Covid-19 já matou mais de dez mil pessoas em todo o mundo. A china tem cerca de duas mil pessoas em estado gravíssimo.

O mundo está parando na tentativa de conter a doença e controlar o vírus. Fronteiras estão sendo fechadas, turistas retidos em aeroportos, hospitais e UTIs em dezenas de países estão lotados. Teatros, cinemas, bares, restaurantes, casas de show e espaços para espetáculos estão virando museus que não podem ser visitados.


Ninguém fala mais em uma peça que esteja estreando, um disco que está sendo lançado... um show tão aguardado vai continuar sendo esperado. Os artistas perdem fonte de renda importante com a impossibilidade de realizar shows - a salvação são os streamings. A cultura também parou porque a prioridade agora é salvar vidas.

O outro lado da moeda é que entre os receituários para enfrentar a pandemia está a orientação de ficar em casa. Aí é possível ler livros, ver um filme na TV, ouvir notícias e músicas pelo rádio, escrever e refletir, bater papo e contar histórias – essas coisas antigas que estavam caindo em desuso.

Como estou lendo, indico porque é muito bom: Nova Antologia do Conto Russo (1792-1998), da Editora 34, com traduções diretamente da língua russa para o português. São quarenta autores, quarenta contos e uma viagem através de duzentos anos da melhor prosa russa em um só volume. Organizada por Bruno Barreto Gomide, professor da Universidade de São Paulo. Dos primórdios, com Nikolai Karamzim, até os dias atuais – com Serguei Dovlátov, Tatiana Tolstaia e outros –, a antologia passa por Púchkin, Gógol, Dostoiévski, Tchekhov, Tolstói, Górki e mais alguns geniais. Uma delícia.
Ouça uma boa música. O CD em memória de Fernando Brant, com o belo título de Vendedor de Sonhos, além de bonito, ainda está atual – foi lançado em dezembro do ano passado. Ouça também a bela canção romântica, no estilo do rei Roberto Carlos, lançada no ano passado por Adriana Calcanhoto: Era Pra Ser, com letra e música de qualidade. 


Quer algo mais recente? Moacir Luz e seu Fazendo Samba, jóia rara lançada em janeiro deste ano. A Biscoito Fino lançou recentemente o CD Lume, de Chico Batera, que já pode ser ouvido nas plataformas de streaming. Muito bom.
Como não se pode ir ao cinema, as opções de ver filme são infinitas. Estão aí Dois Papas, do brasileiro Fernando Meirelles, e História de Um Casamento, de Noah Baumbach, e O Irlandês, de Martin Scorsese. Cinema, mesmo em casa, ainda é a melhor diversão. Pipoca com guaraná combinam...
Voltei à realidade, ouvi minha mãe resmungando ali, em frente à televisão: Deus do céu! Jesus tenha piedade do povo...

A humanidade vai superar tudo isso. O mundo voltará a ser redondo. As ideias, as artes e a cultura vão poder circular livremente, longe de vírus e outras mazelas.



3 comentários:

  1. Do amigo, poeta e desembargador Itaney Campos recebi essa bela mensagem:
    "Bom dia, obrigado! A cidade aqui está coberta de melancolia, com suas ruas molhadas e desertas. Em outro momento, a chuva seria benfazeja. Agora simboliza um pranto, o silêncio úmido da natureza, pela grande preocupação que nos obriga a nos isolarmos, solidários mas solitários...mas ainda restam a música e a literatura, a arte afinal como refúgio e fortaleza."

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  2. Sou de outra geração. Sempre gostei de filmes americanos de luta como Matrix e séries como Seal Team (excelente). Mas a vangarda de nossa família sempre me indicou a nata das coisas culturais do Brasil e do Mundo. Adoro a cultura romana e muito li sobre a sua civilização, mas hodiernamente talvez precise me forçar a conhecer mais coisas deste mundo temporal, pois do mundo atemporal, por ser espírita, aprendi a dar às coisas da terra um significado bem diferente daquele dado pela sociedade atual... Minha intelectualidade sempre tem por base a lógica e a razão do espiritismo... E sinceramente não vejo muito sentido na cultura dos humanos sem um prisma nas leis morais, sejam da filosofia ou do espiritismo, que também é uma ciência. Bom ter dicas das coisas atuais da cultura terrestre... Mas posso indicar livros da cultura de Marte pois sei que lá também há música, medicina, matrimônio e atividades sociais... (livro do Ramatis)... porém se eu fizer isso posso ser taxado de louco ou místico... O que garanto que não sou.

    Uma coisa é certa... da cultura e intelectualidade dos homens na terra esse blog tem muito a oferecer e talvez seja a hora de eu também buscar essa cultura e me aprofundar nela... Lembrando que por parte de pai e mãe percebi pelo exemplo deles, que o excesso de intelectualidade desprovido de uma fé em um Poder Superior, da compreensão de cada um, devendo ser apenas poderoso, amoroso e zeloso, tem se mostrado pernicioso... Não será apenas a intelectualidade que preencherá nosso ser... Somos seres morais e espirituais...

    Namastê!

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