domingo, 26 de fevereiro de 2023

Comediante também tem o seu dia. Sério!

Comediante é uma das profissões mais antigas da humanidade. Remonta aos tempos dos teatros de tragédias e comédias, feitos com máscaras, ainda na Grécia Antiga. Depois, foi ganhando contornos, textos, roteiros e chegou-se ao humorista, que a rigor nunca deixa de ser comediante.

Falando sério, rir não é brincadeira. Para dominar a arte de ser comediante é preciso talento para que predominem a comicidade, o sorriso e a alegria. Trabalhar com o humor exige, também, sensibilidade, bom-senso e uma capacidade nata de encontrar o timing – sem ele, o bom-humor desaba.

Neste dia 26 é mais uma data feliz no calendário dos profissionais do riso: o Dia do Comediante. O Dia do Humorista é comemorado em 12 de abril, data em que nasceu Chico Anysio, um dos maiores expoentes do mundo da comédia e do humor, que deixou personagens marcantes na televisão.

A comédia, veio da palavra “komoidia”, que é a junção de duas palavras: “komos” (profissão jocosa, engraçada) e “oidé”: canto. Ou seja, comédia, nada mais é do que um “canto engraçado”.

É um gênero que tem como principal objetivo “acabar” com o clima de seriedade do público. Humoristas e comediantes entram em ação com o mesmo objetivo. No Brasil, esses profissionais, por meio de um texto, já divertiram inúmeras gerações. As histórias apresentadas, em cena, fictícias ou verídicas, são redigidas, sempre, com coesão e coerência. Portanto, o roteiro deve ter sentido e mais que isso: entendido por quem o assiste.

Sobre a questão entre comediante e roteirista, o ator e roteirista, Jamerson Andrade, explica que o comediante, ao seu ver, tem mais liberdade para brincar com qualquer tema ou oportunidade, a fim de levar alegria à plateia, assim como o humorista. Só que este trabalha, também, em cima de textos e direção. “São livres, no entanto, seguem um fio condutor, via texto”.

Na nossa pequena Uruaçu, lembro de alguns personagens que eram verdadeiros comediantes, embora não exercessem esse dom como um profissão. Numa roda de amigos, de conversas fiadas, tomavam conta da situação, tornando o ambiente leve, bem-humorado e agradável.

Luiz Coelho, primo primeiro da minha mãe, era um sujeito engraçado, tocava tudo na troça. Boêmio, meio irresponsável, levava a vida na flauta. Já o barbeiro Zé Paraibano, que trabalhava no salão do Valdomiro, em frente ao armazém do meu pai, era um cidadão sério, trabalhador, cumpridor do seu dever, mas que raramente abria a boca se não fosse para fazer uma pilhéria.

Luizinho, meu primo, entrou no armazém, às pressas, dizendo “Zé, vamos pro salão do Valdomiro; Luiz Coelho tá cortando cabelo com Zé Paraibano”. Atravessamos a Avenida Tocantins a mil por hora. Sentamo-nos naquelas cadeiras azuis, encostadas junto à parede, reservadas para os próximos clientes.

Demos risadas até sentir dor de barriga e não aguentar mais. Lembro que, ao final e ao cabo, Luiz Coelho levou uma relativa vantagem: saiu sem pagar, com o cabelo cortado e a barba feita. Disse para Zé Paraibano que a condução para Mara Rosa já estava saindo e ele não podia perdê-la. Depois, voltaria para pagar.

Zé Paraibano só resmungou: “Amarrei no rabo da égua. Vou morrer sem ver a cor desse dinheiro”. Depois praguejou: “É um sujeito muito atoa, nem parece ser parente de dona Iracema. Que Deus lhe dê uma boa dor de barriga”.

Comediante é isso, engraçado mesmo quando está mal-humorado. Saudemos esses verdadeiros artistas. São um expoente importante da nossa cultura.


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