quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Paula Sanches lança um dos mais belos álbuns de samba

A cantora paulista Paula Sanches está lançando amanhã, em São Paulo, um dos mais belos discos de samba da nossa história musical. Por mais incrível que possa parecer, esse é o primeiro álbum da carreira dessa intérprete, depois de mais de 20 anos de dedicação e pesquisa na cena do sampa de São Paulo. A obra, que já está disponível nas plataformas de streamings, celebra o que Paula encontrou e apreciou ao longo dessas duas décadas: samba de breque, samba-choro, samba-sincopado e outros.


O álbum está sendo lançado em um show, nesta quinta-feira (9), às 21h, no teatro do Sesc Pompeia, com a cantora acompanhada por um regional que inclui músicos de primeira linha. No repertório, o samba sincopado "Projeto de Samba", de José Thadeu e José Gonçalves, mais conhecido nas rodas como Zé da Zilda ou Zé com Fome, o samba choro "Maria Perigosa", de Ary Monteiro e José Maria de Souza, gravado pela primeira e única vez há 80 anos, pela cantora Marilu, e outras tantas preciosidades também estão no repertório.


No álbum, são 9 faixas, sendo 7 regravações e duas inéditas. Clássicos que se eternizaram na voz de intérpretes como Isaurinha Garcia, Marilu, Carmen Miranda, Elizeth Cardoso, entre outras. A direção musical é de Edmilson Capelupi, grande “chorão”, mestre e professor, arranjador de primeira, que soube trazer um resultado sonoro com a grandeza das canções escolhidas.


O Regional é impecável. Tem nomes como de Carlos Moura, Violão 7 cordas; Gustavo Cândido, no Cavaquinho; Maik Oliveira, no Bandolim; Cleber Silveira, Acordeom; Pedro Pita, Pandeiro; e Cacá Sorriso, na Caxeta, tamborim, surdo e reco-reco.


Na gravação, todos os instrumentos tocam juntos, à moda antiga. O álbum traz estilos de samba distintos, entre eles, o samba sincopado, samba de breque, samba choro e o samba canção através de regravações de sete faixas, além de duas inéditas, sendo uma delas de Miriam Batucada.


Paula Sanches é intérprete que conta com mais de 20 anos de experiência e já atuou, entre vários artistas, ao lado de gente do ramo como Paulo Vanzolini (1924-2013), Monarco (1933-2021), Dona Ivone Lara (1921-2018), Wilson Moreira (1936-2018) e Cristina Buarque.

Ao falar com a imprensa sobre seu projeto, a cantora disse que o samba sempre foi sua ferramenta de luta no mundo. “É o que transforma a nossa dura realidade em magia e esperança. É a minha base, minha formação de caráter e princípios. Vem dos nossos ancestrais e exalta o que temos de mais lindo e poderoso. Vejo o samba como base de educação e amor pela nossa história", acrescentou a artista.


O escritor Caio Silveira Ramos disse, com muita precisão: “Paula faz parte de uma linhagem de cantoras brasileiras nascidas em São Paulo que trazem na sua personalidade artística o sotaque paulista, uma malandragem no dizer o samba (algo sempre atribuído aos cantores homens) em que se apropria do ritmo e faz dele o que bem entende. Esse jeito de cantar o samba recebeu atenção da cantora, que vem se notabilizando por imprimir esse efeito versátil na divisão rítmica, que é raro no interpretar feminino nos dias de hoje”.


Paula Sanches foca, resgata e valoriza, neste seu primeiro registro, a fase considerada como a época de ouro do rádio, que ocorreu durante as décadas de 30 a 50, protagonizada por cantoras como Carmen Miranda (1909-1955), Aracy de Almeida (1914-1988), Linda Batista (1919-1988), Isaurinha Garcia (1923-1993) e Marilu, que está com 104 anos de idade.

Taí um álbum mais do que recomendado para quem gosta de boa música, aprecia o samba e sabe valorizar uma artista de talento, acompanhada por músicos excepcionais. O samba vive, pulsa e não morre, jamais.


Como diria Caetano Veloso, “sem samba não dá”, Paula Sanches responde à clássica pergunta de Chico Buarque: “que tal um samba?”: com o samba dá, tudo é possível.




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