sábado, 27 de maio de 2023

Dia nacional de luta pela Mata Atlântica

Quem hoje é vivo corre perigo, como disse de forma poética e profética o compositor Jatobá, na bela música Matança, gravada com tanto esmero por Xangai, em 2005, no álbum Que Qui Tu Tem Canário. Tudo que está vivo na fauna e na flora da Mata Atlântica está condenado à morte ou à extinção. Esse é o cenário que deslumbramos no Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado hoje (27/05) sem que se tenha algo a festejar.

Na verdade, devemos usar esta data como instrumento de conscientização e de luta pela preservação deste que é, nos dias atuais, o bioma mais ameaçado do mundo. Destruição que recai sobre uma mata que serve de lar para 70% da população brasileira, envolvendo 17 estados do Piauí ao Rio Grande do Sul, e engloba uma parte da Argentina e do Paraguai.

A Mata Atlântica é uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, mas conta com apenas 12,5% de suas florestas originais. Um bioma que chegou a ocupar área de mais de 1,1 milhão de quilômetros quadrados e cobrir 15% de todo o território nacional.

A maioria dos animais e plantas ameaçadas de extinção do Brasil pertencem a este bioma, e das sete espécies brasileiras consideradas extintas em tempos recentes, todas se encontravam distribuídas na Mata Atlântica, além de outras exterminadas localmente. A maior parte das nações indígenas que habitavam a região por ocasião da colonização já foi dizimada, sendo que as remanescentes subsistem em situação precária, em terras progressivamente ameaçadas por interesses diversos.

A Mata Atlântica e seu bioma significam também abrigo para várias populações tradicionais e garantia de abastecimento de água para mais de 100 milhões de pessoas. Parte significativa de seus remanescentes está hoje localizada em encostas de grande declividade. Sua proteção é a maior garantia para a estabilidade geológica dessas áreas, com o que se evitaria grandes catástrofes que já ocorreram onde a floresta foi suprimida, resultando em consequências econômicas e sociais extremamente graves. A Mata Atlântica abriga ainda belíssimas paisagens, cuja proteção é essencial ao desenvolvimento do ecoturismo, uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo.

Entre os principais motivos para sua preservação podemos citar alguns: ela regula o fluxo dos mananciais hídricos; assegura a fertilidade do solo da região; suas paisagens oferecem belezas cênicas; controla o equilíbrio climático; protege escarpas e encostas das serras; fonte de alimentos e plantas medicinais; lazer, ecoturismo, geração de renda e qualidade de vida; além, claro, de preservar um patrimônio histórico e cultural imenso.

Logo após o descobrimento do Brasil, grande parte da vegetação da Mata Atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi feito em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como “Terra Brasilis”, ligando o nome do país à exploração dessa madeira avermelhada como brasa.

Outras madeiras de valor também foram exploradas até a extinção, como por exemplo a tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba, urucurana e vinhático. Muitas delas estão citadas na música Matança, que publicamos abaixo.

O que temos hoje nesse bioma é muito pouco. E precisa de muito para ser preservado. O desastre poderá ser ainda maior. Salvemos a Mata Atlântica, antes que seja tarde.


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