sábado, 12 de agosto de 2023

Dia dos país, dos filhos e do Espírito Santo

 

O Dia dos Pais é comemorado em diferentes datas pelo mundo afora. Em Portugal, seguindo a tradição católica, nossos patrícios homenageiam a paternidade no dia 19 de março, dia de São José, marido de Maria, a mãe de Jesus. Alguns historiadores dizem que essa tradição começou há quatro mil anos, quando um jovem, na Babilônia, teria moldado em argila uma mensagem para o seu pai, desejando-lhe sorte, saúde e longa vida.

Nos Estados Unidos, a tradição teria começado na cidade de Spokane, depois se espalhou para todo o estado de Washington, até ser oficializado, em 1972, pelo então presidente Richard Nixon, quando instituiu o Father’s Day. Já no Brasil, teria sido comemorado pela primeira vez no dia 14 de agosto de 1953, pelo publicitário Sylvio Bhering, adquirindo posteriormente a tradição de ser no segundo domingo de agosto.

Dezenas de países comemoram o Dia dos Pais no terceiro domingo do mês de junho, inclusive vários dos nossos vizinhos sul-americanos. A Alemanha homenageia os pais 20 dias depois do domingo de Páscoa, dia da Ascensão de Cristo.

Enfim, existem datas para todos os gostos e tradições. Mas, o importante mesmo é que não nos esqueçamos de render nossas homenagens aos pais, por tudo aquilo que eles representam na família, principalmente pelo papel que passaram a exercer no lar depois da emancipação feminina. Querendo ou não, gostando ou não, passamos a exercer a função de pai em uma dimensão bem mais grandiosa, bem mais próxima daquela que as mães exercem com profunda e louvável naturalidade.

Ser pai é saber homenagear seu pai, seu avô, bisavô, mesmo que eles não estejam mais entre nós. Para ajudar um pouco nessa comemoração, seguem, abaixo, um belo texto do amigo, poeta, escritor, psicanalista Ítalo Campos, e um poema que fiz aos pais.

Beijos para os pais, os filhos e os espíritos santos.


Ao Pai
Ítalo Campos

A ele, primeira pessoa da Trindade e do mistério da criação, sem rosto, sexo ou cor. Nem alto, nem baixo. Força e guia.

A ele, que me arranca do berço esplêndido, me joga na cultura, me faz falar. Me coloca para andar mesmo trôpego, mesmo frágil, mesmo frouxo, dou meu passo em sua direção, referência que é.

Pai é esse que me atira para o mundo, que me joga no rio, que me ampara na descida da cachoeira, que me aponta um porto a que eu possa chegar. Pai é aquele que agacha à minha altura, que me abraça pela cintura e me joga pro ar no ensaio de voo. É quem, às vezes, poda minhas asas para fortalecê-las e não para mutilar, é quem me fornece equipamentos para eu não desabar ante as tempestades, me indica o perigo e onde eu possa pousar para descansar.

O pai vela meu sono, é vela na escuridão, é minha vela em oceano tenebroso.

Todo pai é maior que a sua carne, mais além do seu vício, é maior do que seu defeito. Nenhum pai humano é perfeito.

O pai é aquele que se oferece como escada, que nos fornece seu nome, que se deixa ser superado, que deseja ser enterrado. Que os filhos, os filhos dos filhos, na escala das descendências, o rememore sem culpa, sem dor, sem lamento. Saibamos que, uma vez existindo, o pai jamais desaparecerá.

O meu pai está na terceira margem do rio me protegendo.

 

Canção dos pais
José Carlos Camapum Barroso
 
Ser pai é padecer no paraíso,
Quando for preciso ser mãe,
Onde não basta ser pai...
 
É pouco apenas participar!
Ser pai é expulsar da alma
Toda a dureza do coração,
A fraqueza do sim e do não,
A certeza de que há um talvez...
 
É preciso ser filho outra vez...
Ser avô, amigo e irmão.
Ser pai... Como sabê-lo,
Se nem conhecemos o ser?
Se não há varinha de condão?
 
É vestir-se de humildade,
Beber o vinho da caridade
E suplicar pelos filhos
Que, um dia, pais serão.
 
Ser pai não apenas ao dizer:
- Meu filho é um sucesso!
Mas quando se esvai,
Desce a vida na contramão.
 
Ser pai: ontem, hoje e sempre.
Ser pai! Eis a questão.

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