Um
dos mais belos e interessantes filmes-documentários já realizados está “em
cartaz” no Netflix. Trata-se de A Noite que Mudou o Pop, de Bao Nguyen,
sobre a histórica gravação de We Are the World, criada no projeto USA
For Africa, que em 1985 arrecadou dinheiro para combater a fome no
continente africano.
Tudo
começou quando o agente Ken Krager foi procurado para tocar o projeto por Harry
Belafonte, ator, cantor e ativista de direitos civis. A ideia era arrecadar
dinheiro para amenizar o sofrimento de milhões de mulheres e crianças na
África.
O
ponto de partida foi a escolha de Lionel Ritchie para fazer o meio de campo do
projeto. Logo de cara, Ritchie, também produtor do filme, convidou ninguém
menos que Michael Jackson, e os dois fizeram a canção que viria a encantar o
mundo e permitir uma arrecadação de fundos nunca vista na história da música.
Quem
viveu o mundo da música naqueles inesquecíveis anos 1980 não pode deixar de ver
essa maravilha. Principalmente pelo fato de que ele reúne os jovens de então
aos grande nome dos anos 1960 e 1970, como Bob Dylan, Ray Charles, Stevie
Wonders, Paul Simon, Tina Turner e tantos outros. Tudo numa noite, numa só
gravação, sem a presença incomodativa de assessores e de multidão na porta do
estúdio a perturbar a chegada dos ídolos.
O
registro ocorreu em 24 de janeiro de 1985. Naquele dia era a festa de entrega
do então muito prestigiado American Music Awards, em Los Angeles, que seria
apresentado por Lionel.
Muitos
dos artistas relacionados para gravar já estariam na cidade. Mesmo assim, houve
percalços e algumas desistências. Bruce Springsteen fez na noite anterior um
show de quase quatro horas do outro lado do país, e mesmo assim aceitou cantar.
Nas gravações, ele está visivelmente exausto.
Um
aspecto magistral do documentário foi a captação de reações preciosas.
Bob Dylan, por exemplo, era o mais incomodado de estar ali. Além disso, sabia
que cantava mal e se omitiu nos coros. Stevie Wonder e Ray Charles eram
reverenciados como deuses por artistas que vendiam muito mais discos do que
eles. Novatos como Cyndi Lauper e Kim Carnes não conseguiam esconder o
nervosismo diante dos ídolos.
Michael
Jackson mostra todo seu talento de voz e conhecimento musical, embora não
tocasse nenhum instrumento. Compôs uma bela e imortal canção, em forma de hino, e
teve a felicidade de encontrar os versos iniciais que marcaram a música: “We are the world/ we are the children/
We are the ones who/ make a brighter day”.
Peço licença para reproduzir um trecho da
crítica do jornal The New York Time, republicada no Brasil pelo Estadão:
“A Noite que Mudou o
Pop ganha seu título arrogante de duas maneiras. Até que alguém invente uma
máquina do tempo, é a melhor maneira de ver o que foi a primeira metade da
década de 1980, graças a um desfile de referências estilísticas e tecnológicas
e até mesmo anacronismos: cabelos grandes, fitas cassete, cores primárias,
jaquetas de beisebol de cetim, calças de couro, collants, casacos de pele,
permanentes, walkie talkies e até mesmo um Rolodex. (As fitas cassete, ao
contrário dos permanentes, estão de volta).
É
também uma ilustração maravilhosa da velha máxima de que o show business tem a
ver com relacionamentos. A sessão de We Are the World reuniu a maioria dos
cantores que fizeram de 1984 “o melhor ano da música pop”, como muitos o
chamaram, e se beneficiou de um conjunto único de variáveis. O filme mostra que
a cadeia de ações que antecedeu aquela noite se resumiu a ligar para amigos,
pedir favores e lançar a música com um amplo apelo demográfico. Veja aqui como
alguns músicos talentosos e um empresário incansável organizaram um evento de
gala em apenas quatro semanas.”
O
ZecaBlog, sempre antenado com o mundo da cultura, não poderia deixar de destacar para seus leitores e leitoras a importância desse filme. Ele foi visto 11,9
milhões de vezes em sua primeira semana de lançamento no mês de janeiro,
ficando no topo da lista de filmes em inglês da Netflix.
Pra matar a saudade, que tal o vídeo da canção...
Assisti e também recomendo a frase: "Deixe aqui o seu ego" É fantástica no contexto do filme.
ResponderExcluirEssa frase é um grande achado. Serve também para outros momentos da vida. Obrigado pela participação aqui no blog. Abraço.
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