Desde
1940, comemora-se em 19 de abril o Dia Nacional do Indígena. A data é marcada
pela luta dos povos tradicionais por reconhecimento de direitos e respeito às
tradições milenares. Antes, era chamada de "dia do índio". Porém, a
Lei 14.402, de julho de 2022, mudou a nomenclatura. Defensores das causas
indígenas argumentam que a mudança foi de um termo genérico para uma expressão
que considera a diversidade dos povos indígenas que vivem no Brasil.
Costumamos
expressar, nessas datas comemorativas, que o dia do homenageado são todos os
dias! No caso das nações indígenas não é bem assim. Jorge Ben Jor registrou,
com muita propriedade, que na verdade “Todo Dia Era Dia de Índio”, numa
bela canção interpretada no vídeo abaixo por ele mesmo. Deixou de ser o que deveria ser
depois que o homem e o progresso avançaram sobre as terras indígenas, sua
cultura e suas tradições. A partir daí, só sobrou o dia 19 de abril para essa
gente, que na verdade é a nossa gente!
A
rigor, há muito pouco para se comemorar nesta data, apesar dos esforços
empreendidos por pessoas, grupos e instituições em várias regiões do Brasil.
São muitas as ameaças aos povos indígenas, às suas terras e principalmente à
sua cultura. Não apenas pela violência dos garimpeiros ilegais, grileiros,
invasores, e pelo avanço do desmatamento em regiões da Amazônia, Pará e Mato
Grosso, mas também pela crescente opção de um desenvolvimento que aposta na
construção de barragens hidrelétricas.
Em
meio a tantas ameaças, existe a constatação de que o povo indígena não sucumbiu
à pressão majoritária dos brancos e mestiços. Pelo contrário, o contingente
populacional dos índios vem se recuperando progressivamente. Em 2010, foram
contados, pelo IBGE, 896.917 indígenas no país. A atual população, segundo
dados do Censo de 2022, está próxima de 1,7 milhão de indígenas. Isso equivale a
um aumento de 88,82% em 12 anos, período em que esse contingente quase dobrou.
O crescimento do total da população brasileira, nesse mesmo período, foi de
6,5%.
Por
tudo isso, o que se deve homenagear nesta data de hoje é esse espírito de
preservação do indígena brasileiro. Ressaltar e valorizar o trabalho de pessoas
e instituições que atuam, de forma desprendida e idealista, na defesa dessa
cultura que representa nossas verdadeiras raízes.
Destaco
duas pessoas especiais nesse processo: a amiga Sinvaline Pinheiro, que está à
frente do Memorial da Serra da Mesa, em Uruaçu, Goiás, e a antropóloga e
artista plástica, Emília Ulhôa, que sempre esteve à frente da luta pelos povos
indígenas, quilombolas e ciganos.
Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
(Darcy Ribeiro)
Nesta
data, como não poderia deixar de ser, é imprescindível lembrar do marechal
Rondon, dos irmãos Vilas Boas – Cláudio, Leonardo e Orlando, e da figura
inabalável de Darcy Ribeiro. Todos eles deixaram uma contribuição relevante
para que o Brasil ainda tenha viva, atuante e preservada a nação indígena.
Já falamos demais. Vamos ouvir músicas e saudar os indígenas do Brasil!
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