domingo, 18 de novembro de 2012

Poesia para acalmar o espírito e suavizar a passagem

Este poema veio em virtude de um momento muito especial que estamos vivendo. Talvez, outras pessoas, nesta mesma época, estejam vivendo algo semelhante. Um momento em que alguém que a gente ama esteja muito próximo de passar desta para outra vida, quem sabe mais glorificante e mais radiante do que esta. Uma passagem sempre difícil de aceitar, embora saibamos que seja inevitável.
Mas deixemos que os versos falem por todos nós. Um bom domingo, com muita paz no coração.

Duas vidas
José Carlos Camapum Barroso

Não nos deixes assim, desalmada,
Como água a correr pelos dedos
Fria e indiferente aos olhares
Atônitos e aos suplícios mil.
Não nos deixes assim, cansada
De lutar pela vida, que sem medo,
Segue indiferente a seus pares,
Suplicantes, como cordeiro vil.
Não nos deixes agora, nesta hora
Tão atordoante e atordoada
Em que ecoam sinos de Natal –
E nossa voz, angustiada, sumiu.
Não nos deixe! Nos leve embora!
Seguiremos pela mesma estrada
Sobre trilhos do bem e do mal
A cantar o que ninguém ouviu.

Amanhã, então, ao acordares
Sentirás que, em nossos olhares,
Correm lágrimas de adeus.
Mas estarás em outra vida...
E nossa alma, ainda entristecida,
Te enxergará mais perto de Deus.

(Brasília, 18.11.2012)


2 comentários:

  1. É um belo poema de súplica, triste, como toda despedida, não queremos perder os que amamos.Na verdade não os perdemos, afastamos fisicamente, porque eles continuam vivos nas nossas lembranças, e isso é vida é espiritualidade.Um doce lamento.

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    1. É isso aí, minha irmã. Um doce lamento, que procura nos acalmar e também a todos que enfrentam este momento. Beijos.

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