quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Goiá Jaime é mais um talento especial da arte plástica goiana


Passada a alegria e a ressaca do Carnaval, voltemos à realidade. De preferência, voltemos aos poucos para que o choque não seja tão brusco. Vamos falar desse belo trabalho do arquiteto e artista plástico Goiá Jaime, que mora em Goiânia, é viúvo de nossa amada e inesquecível Vênus Mara e hoje vive na companhia de sua querida Nadir, na mesma casinha do Setor Sul, cercada de um ambiente bucólico e lírico.
Goiá nos deu de presente essa aquarela acima, que lembra as cidades goianas do interior – Goiás Velho, Pirenópolis, Uruaçu, Nazário e tantas outras – dos tempos da nossa infância. O quadro é nostálgico e de uma beleza que agrada já no primeiro olhar. Depois, com o passar dos anos, descobri que ele tinha outros três quadros pintados com essa mesma temática.
Decidi colocar essa série de aquarelas aqui no blog por dois motivos. Primeiro porque gostaria muito que o Goiá, com todo seu talento e sensibilidade artística, voltasse a pintar e a realizar seus trabalhos de rara beleza plástica. E também porque estamos pobres de artistas e de peças que possam realmente ser chamadas de obras de arte. Somos bons apreciadores, julgadores atentos, mas produzimos pouco ou quase nada no universo das obras de arte.
O filósofo Giorgio Agamben já registrou esse fenômeno em seu Homem Sem Conteúdo, publicado em 1970. Mostrou que vivemos uma época impregnada pelo bom-gosto, pela sensibilidade que nos capacita para apreciar, analisar e julgar trabalhos artísticos. Mas estamos perdendo a capacidade de produzí-los, tanto que o espaço por excelência na era da estética é o Museu.
Goiá Jaime tem lá suas razões para abandonar a produção de trabalhos artísticos. Se diz desencantado com o rol de banalidades que cercam o universo das artes. O valor comercial que elas adquiriram, os aproveitadores e oportunistas que circulam com extrema desenvoltura ao redor dos artistas, principalmente no mundo das artes plásticas. Tem verdadeira aversão pela pop art, que segundo ele valorizou a superficialidade.
Goiá fez quatro anos de Belas Artes, na faculdade federal de Goiás, e deixou o curso para fazer Arquitetura na UnB. Durante os quatro anos que estudou em Goiânia, foi aluno do Frei Nazareno Confalloni e de Cleber Gouveia, de quem foi amigo particular. Conviveu também com D J Oliveira, que lencionava na Escola de Belas Artes da Universidade Católica, e era professor de Siron Franco, que além de contemporâneo foi amigo do Goiá e da Vênus. Em outras palavras, esse ambiente de artes plásticas em Goiás sempre foi de muita qualidade artística.


Goiá também possui pedigree. Sua família Jaime, de Pirenópolis, tem vários artistas e pessoas talentosas, como o maestro Joaquim Jaime, o Nega, Marilu, que ensinou o Nega a tocar piano, e os saudosos Jesus Jaime – exímio violonista, escritor e poeta –, Oscar Jaime Filho, o Cota, que não chegou a publicar, mas escreveu belas poesias. Todos eles eram irmãos de José Jaime, conhecido como Gaúcho e um dos fortes líderes do movimento de esquerda em Goiás, morto em 1963, vítima de problemas cardíacos, antes de estourar o golpe militar de 64.
Goiá garantiu-me por telefone, antes da publicação deste post, que está pensando em retomar as atividades artísticas, além de cuidar com muito zelo e talento do belo jardim da sua casa. Vamos continuar torcendo e rezando pra que isso aconteça. Nós, meros apreciadores de obras de artes, ficaremos radiantes.
Enquanto isso não acontece, vamos ouvir a apresentação da Orquestra Sinfônica de Goiânia, sob a batuta do maestro Joaquim Jaime, numa apresentação ao ar livre.



3 comentários:

  1. É bom saber reconhecido o trabalho que se faz com amor e sensibilidade. Observação feita para seu cunhado e para você com seu blog muito legal. M Selma

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    1. Valeu, Selma. Sempre atenta e cordial com as publicações do blog. Grande abraço.

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  2. Desde sua aquarela acima, me enchi de admiração pela inspiração do Goiá nas telas. E sempre perguntando para Stela,a possibilidade de adquirir um trabalho do artista aqui mostrando mais maravilhas.Fico feliz que ele tenha voltado a tocar os pincéis .Parabéns Goiá seus quadros me comovem, pela sensibilidade nostálgica e melancolia.

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