quinta-feira, 23 de junho de 2016

Dia do Lavrador e a cultura milenar do homem


Lavrar a terra é atividade antiga da humanidade. Surgiu no período neolítico, entre 10 a 6 mil anos Antes de Cristo. Esse período, da nova pedra ou da pedra polida, termina com o surgimento da escrita. Dizem que brotou aí o sedentarismo, pois os homens e mulheres começaram a se agrupar em locais de terras férteis, e neles se fixavam, abandonando as práticas nômades.
A arte de lavrar a terra tem as mesmas características de toda e qualquer atividade do homem que visa o bem comum. É feita com carinho, zelo, dedicação e muito trabalho. Em termos de produção, evoluiu através dos tempos graças a mecanização, novas tecnologias. Mas, nunca perdeu o glamour da associação das mãos do homem à terra, da família e também das lutas que estão associadas a posse, a distribuição e usufruto de riquezas.

Haicai

Suor que lavra
dor lava a alma
De quem sonhou

José Carlos Camapum Barroso

As artes – pinturas, teatro, cinema, música, poesia e prosa – todas, sem exceção, sempre navegaram pelos mares de tão vasta cultura.
Hoje é Dia do Lavrador. Justa homenagem àqueles que fazem parte desse universo tão significativo para nossa existência. Nada melhor do que essas belas e sábias palavras de Cora Coralina. E a canção antológica de Chico Buarque para Funeral de um Lavrador.

O cântico da terra
Cora Coralina

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.


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