segunda-feira, 10 de outubro de 2016

No Dia da Honestidade, o melhor mesmo é ouvir Noel Rosa

Honestidade também tem tudo a ver com cultura. A falta dela ou seu uso de forma adequada e cotidianamente dependem muito das raízes da sociedade, valores culturais, formação, educação. Sempre foi assim, em maior ou menor escala, desde que os homens começaram a se agrupar, a viverem juntos, em família, sociedade.

Falo isso porque o nosso calendário dedica o dia de hoje à Honestidade. E as primeiras coisas que vêm à cabeça de todos são: isso existe nas sociedades atuais? A desonestidade é um pecado só dos políticos? Todos eles são pecadores?

A honestidade não é um valor ignorado apenas por corruptos. No dia a dia, muitas vezes, o cidadão que talvez jamais venha a tornar-se um corrupto pode ter deslizes no quesito honestidade. São as pequenas coisas, sedimentadas na cultura da esperteza, que nos fazem, eventualmente, agir de forma desonesta com os nossos concidadãos. Ao furar uma fila, pagar uma meia entrada sem ter tal direito, ocupar a vaga ou assento dedicados exclusivamente a um grupo de pessoas, receber troco errado e ficar calado, entre tantas outras situações cotidianas...


Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais fizeram um teste interessante. Colocaram freezer com picolé em cada uma das faculdades, com a placa indicando o valor de R$ 2,00 e uma urna para depósito do dinheiro. Simples assim. Só pegar o produto e depositar o valor correspondente. O objetivo dos estudantes não era o de taxar determinados locais de honesto ou desonesto, mas entender a cabeça das pessoas num momento tão delicado da vida pública brasileira.

No ranking da pesquisa, a Faculdade de Direito foi considerada a mais “despreparada” – apenas 6% dos picolés ali colocados foram pagos. A melhor “preparada” foi a Faculdade de Arquitetura e Engenharia da Fumec, com 96% dos picolés pagos. Na avaliação dos organizadores, não significa que o estudante que se furtou a pagar o picolé será um corrupto no futuro. Mas...

Recentemente, em Brasília, um catador de lixo, que mora em barraco na Vila Estrutural, devolveu dinheiro em espécie, exatamente 1,4 mil dólares, ao ser procurado pelo dono, desesperado, que já considerava a grana perdida. O músico Gabriel Pensador, numa ação conjunta com amigos, presenteou o Cidadão com a quantia, em dinheiro, de 10 mil reais.


Outros exemplos como esse do catador de lixo já ocorreram Brasil afora. E demonstram que temos cidadãos honestos, capazes de praticar o bem sem olhar a quem. O brasileiro não é desonesto como nos querem impingir alguns aproveitadores de momento. Nossa formação, nossa cultura pode até trazer na sua raiz alguns desvios, é verdade, mas impõe-se a honestidade como regra, embora o cenário político aponte em direção contrária.

Para contextualizar melhor o dia de hoje, ouçamos Noel Rosa e o clássico “Onde está a honestidade”, na voz impecável de Beth Carvalho.

É vida que segue em busca de uma sociedade melhor. A honestidade pode ajudar muito nisso.



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