domingo, 5 de maio de 2019

Beth Carvalho foi, mas deixou o samba autêntico e sublime


Quem não gosta de samba bom sujeito não é. Quem não gosta, ou não gostou, de Beth Carvalho não sabe o que o samba é.  Nem a beleza e a formosura que o samba tem. Essa artista maravilhosa, que nos deixou no dia 30 de abril, poucos dias antes de completar 73 anos de idade, não é apenas a madrinha do samba como é nacionalmente conhecida. Mais que isso. Ela é o próprio samba e tudo o que ele representa para a cultura brasileira. Beth é responsável pela consolidação desse gênero musical no país, com repercussões além das nossas fronteiras e direito a apresentação sonora em Marte. O samba é a nossa alma e tornou-se a principal coluna de sustentação da boa música no Brasil. 
Sua voz viaja em ondas sonoras pelos infinitos campos do universo, depois que a engenheira brasileira da NASA Jaqueline Lyra programou “Coisinha do Pai”, na voz de Beth, para acordar o robô em Marte. Mas, toda essa carreira de sucesso teve início já aos oito anos de idade, quando começou a dançar e ganhou de presente um violão dos avós. Depois que o pai foi preso pela ditadura militar, em 1964, começou a dar aulas e, um ano depois, gravou o primeiro disco, um compacto que trazia a canção Por Quem Morreu de Amor. A década de 1960 foi a dos festivais e o lançamento do primeiro Long Play (LP), em 1969, com a música Andança, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, terceira colocada no Festival Internacional da Canção (FIC), de 1968.



Na década de 1970, Beth Carvalho consolidou sua carreira chegando a lançar, depois de 1973, um disco por ano, com sucessos como 1.800 Colinas, Olho por Olho, Coisinha do Pai e Vou Festejar. Também gravou canções de Cartola, como As Rosas Não Falam, e de Nelson Cavaquinho, com Folhas Secas.
Neste milênio, a cantora deslanchou de vez sua portentosa carreira. Ganhou prêmios, gravou seu primeiro DVD, em 2004, “Beth Carvalho, a Madrinha do Samba”, que lhe rendeu um DVD de Platina. O CD com o mesmo nome deu à cantora o Disco de Ouro e uma indicação para o Grammy Latino, em 2005. Foi homenageada na edição 2009 do Grammy Latino, em Las Vegas. Na ocasião, a cantora foi a primeira sambista a receber um dos reconhecimentos mais importantes da cerimônia, o prêmio Lifetime Achievement Awards.



Na década de 2010, ainda gravou algumas músicas, um DVD e fez shows. Mas, esses anos foram marcados por problemas de saúde, que começaram com dores na coluna, agravada por uma neuropatia, cirurgias e internações. No dia 8 de janeiro deste ano, foi internada e no hospital ficou até sua morte, no dia 30 de abril, de infecção generalizada.
Torcedora do Botafogo, a cantora era apaixonada pela Mangueira e pelo bloco Cacique de Ramos, onde, debaixo da Tamarineira, conheceu vários de seus apadrinhados e os ajudou a deslanchar na carreira, entre eles Zeca Pagodinho. Beth era tudo de bom e no seu site está escrito, muito apropriadamente:

"Beth é inquieta. Não espera que as coisas 
lhe cheguem, vai mesmo buscar. Pagodeira, 
ela conhece a fertilidade dos compositores do povo 
e, mais do que isso, conhece os lugares onde estão, 
onde vivem, onde cantam, como cantam e como tocam"

Nenhum comentário:

Postar um comentário