Zumbi do Palmares por Antonio Parreiras |
Quem é branco tem dificuldade pra falar de racismo. Principalmente
para sentir, dimensionar e avaliar todas as consequências desse fenômeno sobre
as pessoas que foram, ou ainda são, vítimas de discriminações, preconceitos e
injustiças raciais.
É preciso refletir um pouco sobre isso, não apenas porque
no dia 18 de novembro se comemora o Dia Nacional do Combate ao Racismo, e no
dia de hoje (20/11), presta-se homenagem à Consciência Negra, mas, acima de
tudo porque temos compromissos, responsabilidades e deveres para com a
sociedade. Querendo ou não, estamos construindo, ou pelo menos ajudando a
construir, diariamente, um mundo que seja melhor e mais justo.
Se alguma evolução houve – acreditamos que sim – nos
relacionamentos diversos entre negros, brancos e mestiços na sociedade
brasileira, os créditos devem ser dados aos que historicamente foram e ainda
são, de alguma forma, vítimas da discriminação. Foram eles, por meio da
altivez, da compostura e do amor-próprio que nos forçaram e nos impuseram uma
sociedade onde os direitos e os deveres devam ser iguais para todos, ou pelo
menos reconhecidos como tais.
E esse processo tornou-se cada vez mais efetivo pelas manifestações culturais e
artísticas do povo brasileiro. O negro veio gradativamente se impondo e se
apresentando com todo seu potencial – não apenas artísticos, mas também, e
principalmente, intelectual – por meio da música, do teatro, do cinema, da
dança, da literatura e de tantas outras manifestações desse Brasil tão rico
culturalmente.
Cartaz de Latuff que foi quebrado pelo deputado-coronel Tadeu |
Concordo plenamente com a música de
Marcos e Paulo Sérgio Vale: Black is Beautiful, que coloco abaixo
na interpretação magistral de nossa saudosa Elis Regina. Várias manifestações
contra o racismo foram postadas hoje em blogs, no Facebook, Orkut, Twitter e
tantas outras redes sociais. O ZecaBlog não poderia
deixar passar em branco, nem em negro, muito menos em cinzas, um dia tão
significativo como esse para cidadãos que se pretendem justos, íntegros e
modernos.
Do outro lado da moeda, o deputado coronel Tadeu (PSL) quebrou um quadro em
exposição na Câmara com o desenho de um jovem negro assassinado e um policial
com uma arma na mão. A obra é do artista plástico Latuff, que reagiu: “se fazem
isso contra um cartaz, imagine contra gente de pele negra”. Ou seja, os
arrogantes, autoritários e prepotentes racistas ainda estão soltos por aí.
PS – Meu abraço afetuoso e fraternal às amigas e amigos negros, brancos,
pardos, morenos, mestiços, de qualquer outro matiz, ou matriz, que se queira
qualificá-los. Homenageio a todos resgatando a memória do amigo Hamilton de
Almeida, sobre quem já escrevi aqui neste blog. Um negro de coração negro até na
alma. Sinceramente? Acho que sou um branco de alma negra. E tenho muito
orgulho disso.
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