As artes continuam sendo um bálsamo para as dores nesse tempo tão difícil. Músicos, poetas, escritores, atores, humoristas, todos estão levando adiante seus trabalhos, não apenas pela arte da sobrevivência, mas também pela arte da empatia para com o drama vivido por pessoas, famílias, povos, enfim, a humanidade como um todo.
Um dia desses, assisti um vídeo da cantora Estela Ceregatti, publicado no
Facebook, cantando, com aquela sua voz maravilhosa, uma melodia ainda
embrionária, inspirada nesses tempos de pandemia e isolamento que todos
estão vivendo e tentando sobreviver. Achei lindíssima, embora, como ela faz
questão de frisar, ainda seja um projeto em seu nascedouro.
A delicadeza da música, inspirou em mim alguns versos relacionados a esse
cenário de separação e afastamento em que se encontram as pessoas e suas
famílias, e muitas vezes são unidas pela beleza da arte e a presteza da
cultura.
Publico a seguir os três poemas, e abaixo o vídeo com o canto de Estela
Ceregatti, mato-grossense da gema. Na sequência, Concerto de Aranjuez, composição de Joaquín Rodrigo, em uma Live belíssima da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro.
Esperamos que contribua para estancar, de alguma forma, tristezas, dores, saudades, e tragam boas lembranças e esperanças para os que vivem esses dias tão conturbados da nossa história.
Esperamos que contribua para estancar, de alguma forma, tristezas, dores, saudades, e tragam boas lembranças e esperanças para os que vivem esses dias tão conturbados da nossa história.
Retorno
Ítalo Campos
Sim
um sol cobriu meu coração,
um
sol mãe girando em vibração.
Um
vento de savana,
uma
brisa de cerrado,
uma
energia bacana, vindo do mais além.
Uma
clara resistência escura,
uma
alegria de origem pura,
um
pássaro encontrando o ninho,
o
violeiro seu pinho.
De
pardo estou ficando mais preto.
Aquecido
pela luz da noite,
embalado
pela luz do dia.
Reunido
todo Anjo e Arcanjo,
na
roda de capoeira,
canta
vozes, atabaque e berimbau,
vamos
navegar juntos
esta
nau universal.
Mama
África, óh! minha mãe...
Ventos Cinzentos
Itaney Campos
De súbito, na tarde de aparente
calma, irrompeu o vento ruidoso
que tornou o mundo silencioso
e lacrou o abraço de nossa gente.
Mesmo assim as estátuas deliravam
Itaney Campos
De súbito, na tarde de aparente
calma, irrompeu o vento ruidoso
que tornou o mundo silencioso
e lacrou o abraço de nossa gente.
Mesmo assim as estátuas deliravam
de
febre, pássaros atordoados
caíam de um céu de chumbo, e voavam
por entre as cinzas de grandes tornados.
Aranhas teciam fios noturnos
caíam de um céu de chumbo, e voavam
por entre as cinzas de grandes tornados.
Aranhas teciam fios noturnos
inoculando
as manhãs de tons soturnos
infiltrando na terra o seu veneno.
O medo transitava pelas praças
infiltrando na terra o seu veneno.
O medo transitava pelas praças
cerrando
janelas e portais, em arruaça
perversas, rugindo qual fora o demo!
perversas, rugindo qual fora o demo!
Aurora
José Carlos Camapum Barroso
O sol brotou em mim
Raios de felicidade
Que trouxeram enfim
Paixões ao anoitecer
A lua derramou em ti
Gotas de saudades
Que desataram assim
Laços apertados...
O sol e a lua enfim
José Carlos Camapum Barroso
O sol brotou em mim
Raios de felicidade
Que trouxeram enfim
Paixões ao anoitecer
A lua derramou em ti
Gotas de saudades
Que desataram assim
Laços apertados...
O sol e a lua enfim
Juntos
na Aurora
Aqueceram
em nós
Lembranças
findas.
Nosso
amor aqui
Fez
reviver em mim
E
despertou em ti
Sonhos
do passado
Esse
teto, esse lar
Hoje
um só lugar
Que
enfim abriga
A
ilusão do amar
Nenhum comentário:
Postar um comentário