Confesso
que me senti um ano mais velho no dia de hoje.
Como se
mais que 365 dias tivessem passados desde o último dia 9 de julho.
Um peso
maior de responsabilidade para com os meus e comigo mesmo...
Um olhar distante e quase infinito para aquele
9 de julho de 1954.
Dificuldade
para vislumbrar o futuro, os dias que virão.
Meio que
cansado, um tanto quanto frustrado e com um grau de cobrança
exagerado para com os fazeres, os afazeres e os quereres para o bem.
exagerado para com os fazeres, os afazeres e os quereres para o bem.
Nuvens
pesadas, cortadas por raios fulgurantes da amarga desventura,
de um tempo tão sombrio como o que vivemos. Vento forte a desviar os ideais.
de um tempo tão sombrio como o que vivemos. Vento forte a desviar os ideais.
Relâmpagos
e trovões. Frio intenso, muito frio...
Acordei sobressaltado. Tinha dormido
com pouca coberta e agasalhado um pesadelo desconcertante sobre passar dos
tempos, idade e razões da existência. Pesadelo pesado para a madrugada do
aniversário de qualquer ser humano. Principalmente para quem atingiu a marca
dos 6.6, com potência de muitos cavalos, velocidade acima da média permitida e
queimando bastante combustível.
Acordei. Agasalhei-me junto ao cobertor
de orelha que a Stela me proporciona na maior parte desses meus anos de
existência.
Aí, pude refletir melhor e sem a
influência dos “raios fulgurantes da amarga desventura”. O que dizer no dia do
seu aniversário, além dos agradecimentos pelas felicitações de todos que se
manifestaram de alguma forma?
Agradecer, de coração, aos amigos
reais, manifestantes pelas vias virtuais das redes sociais, é o óbvio e o
mínimo que podemos e devemos fazer.
Aniversário é aquilo
que normalmente não se quer, mas como viver sem fazê-lo? Então melhor é vivê-lo
intensamente e esquecer que representa apenas o passar dos tempos. Representa
muito mais. Diriam os otimistas de plantão que essa data traduz sabedoria,
acúmulo de experiência, conquistas e outros prazeres.
Nos tempos em que
comemoravam meu aniversário, como diria Fernando Pessoa, "eu era feliz e
ninguém estava morto". Tinha uma saúde de dar inveja e o passar dos anos
era sempre uma conquista digna de ser registrada nas folhas de um diário. Se fizermos
como o poeta Carlos Eduardo Drummond e formos ao dicionário, a definição de
aniversário é burocrática, desprovida de emoções, pesada, como geralmente é
pesado o “pai dos burros”.
Mas, leve e poética é
a definição do próprio Carlos Eduardo Drummond ao vocábulo:
"Aniversário: espécie de relicário,
Muitíssimo bem guardado
Nas folhas do meu diário,
Dos versos que eu escrevi,
Com todo amor, e não li,
Durante o ano passado."
Muitíssimo bem guardado
Nas folhas do meu diário,
Dos versos que eu escrevi,
Com todo amor, e não li,
Durante o ano passado."
Eu até arrisquei dizer algumas palavras em versos:
Aniversário é perda de tempo...
Melhor seria
passá-lo ausente,
Distante de
tudo, de fatos e fotos,
Angustiante cantar dos parabéns,
Palmas
agudas e alucinantes
Entre apagar
de velas e dos tempos...
Mas, como
dar-lhe essa forma contraída
Se o que
representa é a própria vida!
Ou, como diria
poeticamente Fernando Pessoa:
“Para,
meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...”
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...”
Ou, então, Carlos Drummond de Andrade:
“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício
da vida
está no amor que não
damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos
do sofrimento, perdemos também a felicidade.”
Belo texto, de muita força poética, diga-se, Como não poderia deixar de ser uma reflexão que se apoia em Pessoa, Drummond e, ora viva, no Próprio aniversariante escritor/blogueiro, na sua leve crônica de aniversário! E vejam que modéstia: propala estar com toda a potência nas turbinas! Rsrs Queria ter esse otimismo, gente! 👏👏👏👏👍👍🎼🎼Parabens, Zé Carlos!
ResponderExcluirObrigado mestre Itaney pelas palavras carinhosa e a participação no blog.
ExcluirParabéns Zé! Amigos como você não fazem anos, fazem história. Sou muito grato pela nossa amizade e pela nossa aliança por meio dos netos. Um ano de muitos desafios, mas de convívio intenso com a família que amamos. "Gracias a la vida que me ha dado tanto
ResponderExcluirMe ha dado el sonido y el abecedario;
Con el las palabras que pienso y declaro:
Madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando."
Obrigado, amigo Carlos. Também sou grato pela sua amizade. Abraço
ExcluirComo sempre um mestre. Palavras ditas não voltam, escritas, ficam guardadas para o sempre. Belas e verdadeiras. Parabéns, Zé. Feliz primavera!
ResponderExcluirValeu, amigo Tuim. Obrigado.
ExcluirFeliz aniversário meu amigo poeta. O aniversário é seu e o presente é nosso, pelos versos, pelo texto que apesar de tristes são cheios de poesia. Um grande abraço virtual, que em breve possamos brindar essa data.
ResponderExcluirObrigado, amiga. Sempre participativa nas coisas do blog. Abraço.
ExcluirQue beleza de reflexão para celebrar a vida, o aniversário. Parabéns, JC, beijos.
ResponderExcluirObrigado, amiga Edit. Grande abraço.
ExcluirOi José Carlos, sinto que aniversário é uma dádiva da vida. Festejemos o aniversario com carinho, agradecimento a Deus pelas oportunidades concedidas e pelo que há de nos conceder o decorrer da vida, até quando Ele achar oportuno que aqui fiquemos. Quem sabe para atitudes que Lhe agradem?!?!!!???!!!rsrsrsrs você está me alcançando...
ResponderExcluirMusica linda Gracias a lá vida!
Obrigado pelas palavras e participação no blog. Abraço.
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