domingo, 24 de março de 2024

O livre ir e vir do periquito Chicozinho

Este é um fim de semana, no ZecaBlog, dedicado aos animais, seus encantos e relações com os seres humanos. Neste sábado (23/3), publicamos uma bela crônica sobre O Porquinho Doméstico (para ler, clique aqui) e, neste domingo, trazemos um texto da amiga, poeta, cronista e escritora Sinvaline Pinheiro, que está à frente do Memorial Serra da Mesa, em Uruaçu, Goiás.

A crônica também foi publicada no WhatsApp "Amigos do Zé Sobrinho", que reúne pessoas ligadas, de alguma forma, à nossa querida cidade do meio-norte goiano. Nela, de forma delicada e sensível, como é de seu feitio, Sinvaline narra sua experiência de convívio com um periquito.

Deixemos que a autora se manifeste pelas suas palavras.


Chicozinho
Sinvaline Pinheiro

Início de outubro surgem as primeiras chuvas alegrando a vida e adubando o mundo...

O vento traz recados,  derruba árvores e ninhos de pássaros...

Dois seres pequeninos, sem penas choram no chão úmido, são filhotes de periquito.

Um não resiste,  resta cuidar do solitário com papa de fubá, afagos e muita conversa...

Os dias passam, penas crescem e ele altivo já reconhece minha voz..

Nessa intimidade já consigo definir  choro, sede, fome ou simplesmente quando quer colo...

Gosta de ficar no ombro quando trocamos ideias sobre a vida dos pássaros.

Sempre  responde em gorjeios e bater de asas, ensaiando voo.

Numa tarde calorenta, um bando de parentes barulham no quintal...

Chicozinho grita e plaina no ar rumo à copa das árvores...

Entardeceu, a noite veio e ele não apareceu, apreensiva imaginei sua solidão na noite escura...

No dia seguinte olhando o céu  arrisquei dizer:

-- Chicozinho, Chicozinho!

Um montinho verde  voando e gritando aterrissou na minha cabeça. 

Muita fome e sede, uma manga foi pouco...

Sorrindo e chorando, perguntei sobre o passeio enquanto ele bicava minha orelha devagarinho, cochichando em gorjeios:

-- Vou e volto, tô feliz!

Chicozinho vai e vem quando quer.

É livre...

Em cada ida e volta minha alma voa junto...

Um sentimento em sintonia com a liberdade de compreender, viver e amar.


Um comentário:

  1. Que sensibilidade de Sinvaline, sou fã de seus textos. Ela coloca imagens na sua cabeça e sentimentos no seu peito. Ela não só deu comida mas atenção e amor pro bichinho. Lindo

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