O que será de nós,
pobres mortais, amigos e parceiros de tantas lutas e jornadas a partir desta
semana, que começou com uma segunda-feira de sabor amargo, travoso e travado, depois
da inacreditável notícia do falecimento do jornalista, escritor, cronista e
crítico musical Paulo Pestana, na madrugada do interminável 11 de março de 2024?
Perguntar não ofende.
Mas, há certas perguntas que pairam no ar com o peso de nuvens de chumbo, carregadas
pelas águas de março... e que são verdadeiros desafios à nossa frágil razão de
existir.
Afinal, existirmos,
a que será que se destina...? Pergunta o compositor Caetano Veloso, em sua
magistral Cajuína. Um questionamento poético, sensível, que nos coloca em plena
reflexão, às vezes perturbadora, do verdadeiro sentido e finalidade da
existência, sendo a vida tão efêmera.
Há razões de sobra,
no plano divino e dos homens, para a existência de uma figura tão ímpar como a
de Paulo Pestana, em sua curta mas profícua passagem por essas paradas, nas quais
tivemos o privilégio de estar em boa parte dos seus pouco mais de 66 anos.
Razões de existência
não apenas para seus familiares, amigos e conhecidos. Também para as dezenas de
pessoas que foram por ele ajudadas de alguma forma e em algum momento. Para
milhares de leitores de seus textos impecáveis, crônicas deslumbrantes pelas
quais viajávamos todos por uma Brasília fantástica, esmiuçada em seu dia a dia,
no mundo das artes e da cultura.
Amanhecemos nesta segunda-feira
com a sensação estranha, sentindo-nos menores, vivendo em um mundo apertado, insosso,
estranho, desarrumado... Todo mundo perguntando para todo mundo se aquilo tudo
era verdade, como se ninguém acreditasse em ninguém, torcendo e rezando para
que nada estivesse acontecendo. Não passasse de um pesadelo.
Paulo Pestana chegou
em Brasília no mesmo ano que por aqui aportei. Ambos trazendo na mochila muitos
sonhos e um caminhão de esperanças. Era 1973, ano de uma década tão intensa no
plano político e cultural. Fomos nos conhecendo e nos aproximando, cada vez
mais, graças ao jornalismo, a paixão pela música e o gosto pelas crônicas.
Aproximação essa que foi sempre regada por momentos boêmios no Butiquim do Tuim
(Quituart, do Lago Norte), por algumas festas em comum e, durante alguns anos,
por trabalho, também, que ninguém é de ferro...
Foram muitas
palavras jogadas fora. E outras tantas agasalhadas, com muito carinho e respeito,
na mente, no coração e na alma. Palavras sábias, equilibradas, marcadas pela
leveza e bom-humor. É o que importa nessa vida tão efêmera: amizade.
Quando é assim,
nesse tom e nessa harmonia musical, existir vale a pena. Mesmo quando, no meio da jornada, alguns dos amigos nos deixem por um lugar desconhecido, cheio de
mistérios, mas onde encontrarão outros tantos companheiros que se foram antes
do combinado.
RIP, Paulo Pestana! Inté a próxima.
Sim, a vida perde im bocado de sua graça sem nosso amigo Paulo Pestana. É difícil entender essa fila de Deus, tanta gente ruim por aí, vai tirar logo o Paulinho do mundo.
ResponderExcluirSim, a vida fica sempre um pouco menor quando perdemos alguém do nosso círculo de amizade e existência. Obrigado pela participação.
ExcluirMuito bom. Como sempre belas palavras.
ResponderExcluirParabéns
Obrigado pelas palavras carinhosas e pela participação por aqui. Abraço.
ExcluirQueria ter convivido com um sujeito tão legal e sensível! Bela crônica!
ResponderExcluirObrigado pela participação. Foi um convívio que deixa muitos frutos, além da saudade.
ExcluirQue texto bonito, meus sentimentos pela perda do amigo talentoso e companheiro de trabalho.
ResponderExcluirObrigado, amigo Rodrigo. Agradecido pela sua participação no blog e sempre carinhoso e gentil. Abraço.
Excluir