Foto é assim, mesmo.
Tem o poder de num determinado momento nos encher de lembranças de um passado
em que éramos felizes e sabíamos disso. Um passado que está preservado nas ruas
de Uruaçu, nas calçadas por onde andávamos, nas praças por onde sentávamos, a
ouvir o violão melodioso e harmonioso de Kubitschek, que para nós acabou virando
apenas Chek. Talento musical que
herdou do pai, Plínio Teixeira, que foi um dos melhores instrumentistas do
estado de Goiás – tanto no cavaquinho e no bandolim, quanto no violão.
Rapaz tímido, mas
cativante. Amigo leal e de todas as horas dessa vida: boas, difíceis e mais ou
menos. Deixou-nos muito cedo, mas nunca esteve ausente nas horas em que em sua
presença deveria ser obrigatória para todos os que o conheceram. Sempre esteve
presente em todas as serenatas que fizemos desde que ele se ausentou das
madrugadas uruaçuenses.
Sua presença continua
lá na Ponte Velha, do velho Passa-Três, que sucumbiu à imensidão das águas do
lago da Serra da Mesa. Continua presente a nos desafiar com sua rebeldia,
serena e mansa, sempre que nos julgamos um pouco mais do que aquilo que
construímos em nossa trajetória bem mais recheada de oportunidades.
Não somos muito, mas
somos um pouco daquilo que Kubitschek impôs à nossa formação, pelo seu caráter e
pela sua dignidade. Amigo é pra essas coisas. E o Chek foi um grande e inesquecível amigo.
A Kubitschek e aos seus
familiares coloco abaixo uma poesia que escrevi há alguns anos. Posto também
uma música que gostaria muito que ele tivesse tido a oportunidade de conhecer.
E outra que ele conheceu e tocava muito bem.
Agora, sim, dá pra
conciliar o sono, numa noite quente, de um mês de outubro.
Ausência
José Carlos Camapum
Barroso
(Para
o amigo Chek)
Onde estará a
nota
De acordes
dissonantes,
Que carregou
pra longe
Olhares
tristes, distantes?
Estará sob a
ponte, velha,
Por onde água
de mares
Levaram violas,
violões,
Palavras,
versos e luares?
Nesse rosto
contido...
Não se
encontra mais!
Há um gosto
amargo,
Ausência de
carnavais.
Tem branco na
alma,
Arrancada de
todos nós,
Sem velhas
canções,
Tiradas de
si... Em dós.
Traga nossa
fumaça,
Nas noites,
nos varais,
Rompe a
medicina,
Rasga leis e
jornais...
E bebe desta
cachaça,
Com goles dos
imortais!
Silêncio!
Ouve-se algo...
Saudades.
Nada mais.
Adorei ZéCarlos, realmente o Chek era mesmo uma presença bonita, serena, com seu violão sempre disposto a nos alegrar! Abraço
ResponderExcluirÉ isso aí, Cleide. Você disse bem: "com seu violão sempre disposto a nos alegrar". Obrigado pela sua participação aqui no blog. Abraço.
ExcluirO Check não morreu! Enquanto houver musica e poesia ele estará presente. Aqui em Vitória, Espírito Santo eu o encontro com frequencia...para minha alegria.
ResponderExcluirNão morreu mesmo, caro Ítalo. Você lembrou bem, ele continua presente nos meios musicais, nos ambientes de poesia, nas serestas e nos encontros dos amigos. Grande abraço.
ExcluirQue bom ver isso! Esse grande homem é meu pai,ainda corrego comigo um pedaço dele, pessoa fantástica, muito amada e querida até hoje! Amor da minha vida! Saudades eternas!
ResponderExcluirLaura, que bom que você tenha feito um comentário aqui no blog. Eu tive contato contigo somente quando você era criança. Quem me deu algumas notícias suas foi o nosso amigo Iliomar, lá de Uruaçu. Entre em contato comigo pelo e-mail jccbarroso@gmail.com. Grande abraço e obrigado pela participação.
ExcluirDo amigo, Nélio Bastos, que também compartilhou desse convívio maravilhoso com o Chek, recebi o e-mail abaixo:
ResponderExcluir"Zé,
Eclesiastes 3 nos diz que há tempo para todo o propósito debaixo do céu. A mim, me parece que, agora, estamos no tempo da saudade! As perdas foram se acumulando ao longo do caminho.
Muito do que achamos, perdemos! Muito do que nos fez contentes, nos faz, agora, tristonhos, pela ausência!
A ausência que castiga, não é de poucos, já soma muitos.
Hoje, são muitas as saudades! Saudades que nos fazem compreender o que disse o Poeta:
“Saudade, soledad, melancolia,
És lejania.”
Disso, penso que nós, ainda por aqui, não podemos nos dispersar.
Abraços"
Tem razão, Nélio, não podemos nos dispersar. Temos que nos agrupar mais, valorizar o convívio e torná-lo mais intenso. Grande abraço.
ExcluirJosé Carlos, muito obrigado pela bela poesia e palavras de carinho dedicadas ao meu irmão e a meu pai. Já era de meu conhecimento, mais sempre que vejo esta poesia, não tem como não emocionar.
ResponderExcluirComo sou católico e temente a Deus, não tinha o direito, mas fiquei muito bravo com Ele. Porque nós humanos, temos que passar por tantos sofrimentos e saudades dos amigos e familiares que se foram? Porem logo entendi que nossa vida só tem sentido se ligadas por amor e amizade, que se não passássemos por todas essas provações, seria inútil amar, seria inútil ter amigos e, sem sentimentos não faríamos poesia e músicas. Sem amor, sem amizade, sem sentimentos não haveria vida.
Abraços.
Genial, Rômulo. Gostei muito das suas palavras. Grande abraço, amigo.
ExcluirVocê disse o que todos nós gostaríamos de dizer, de Kubitschek: um violonista talentoso, autodidata, herdeiro da musicalidade maravilhosa do pai; Amigo simples, sincero, com um jeito irônico, inocente e ao mesmo tempo boêmio de viver e olhar a vida, sem maiores cuidados com as intempéries, e tào cedo ceifado do nosso convívio...sua foto revela saudade, silêncio, sons distantes de violão e uma contida emoção. Parece que com ele se foi um período romântico de nossa vida e de nossa cidade....E vc ainda insere, numa hora dessas, essa Valsinha do Chico, que é de fazer chorar!!
ResponderExcluirÉ isso, mestre Itaney. Faltou dizer isso aí que você colocou no comentário: "um jeito irônico, inocente e ao mesmo tempo boêmio de viver a vida". Nós aprendemos muito com Chek. E mais ainda com a ausência dele. Abraço e obrigado pela participação.
Excluir