Tá certo que todo o mundo tem um pé atrás com economista. Confia desconfiando, acredita nas suas previsões sem botar muita fé. Agora, é muita sacanagem eleger justamente o dia 13 de agosto como o Dia do Economista. O que significa isso: mau agouro? Desejo de muito azar, ou que tudo dê realmente errado em suas previsões? Catástrofe? Não entendi...
Na verdade, economista perigoso é
economista quando no governo, cercado de poder por todos os lados. Economista
na oposição é tudo gente boa, só deseja o bem sem olhar a quem. Até Delfim Neto
– aquele de que era preciso deixar o bolo crescer pra depois dividir – virou guru
das esquerdas e conselheiro dos governos Lula e Dilma. Delfim sempre foi
competente, inteligente, bem articulado e bem informado. A diferença é que,
quando no poder, usava e abusava do saco de maldades, com maestria.
Ele não é o único exemplo nesse
universo. Vários outros economistas foram ou são assim. Mário Henrique Simonsen,
no poder, foi o homem das “Simonetas” (cupões de racionamento que acabaram não
saindo do papel); fora das hostes burocráticas, era um grande matemático,
profundo conhecedor de música, bom de papo e de gole e considerado um “economista
humanista”.
Delfim Neto pode ser criticado pela
teoria de deixar o bolo crescer para depois dividi-lo – até porque quando o
trabalhador foi buscar sua fatia, o bolo havia desaparecido –, mas, não deixa
de ter razão quando critica os economistas neoclássicos e as análises que
faziam das economias até a crise financeira de 2008/2009. Delfim mostrou com
clareza que a cavalar crise financeira desconstruiu a ideia de um modelo
perfeito, criado a partir da ilusão dos economistas sobre o sucesso da economia
nos últimos 25 anos.
O Plano Real teve uma sacada genial
dos economistas que foi a URV (Unidade Real de Valor), que permitiu a passagem
de forma suave de um momento inflacionário para outro em que se desprezaria a
inflação, recebendo elogios até da economista Conceição Tavares, então
oposicionista. Talvez o grande mérito do Plano Real tenha sido justamente o de
fugir dos modelos padrões concebidos para estancar a inflação. Ninguém acordou
no dia seguinte, como nas tentativas anteriores, com um pacote de medidas,
bancos fechados, congelamento de preços e outras baboseiras, tudo isso servido
no café da manhã.
Não há motivo para não se comemorar o
Dia do Economista. Só não podemos dar a eles, de presente, uma varinha de
condão, uma bola de cristal ou um cargo no serviço público. Se eles tiverem todos
esses componentes juntos, então, requentados em um caldeirão, pode sair uma
poção mágica de resultados imprevisíveis ou, até mesmo, improváveis.
Mas, aos amigos economistas, que são
tantos, meus parabéns e sinceros desejos de sucesso – para eles e
principalmente para as suas teorias.
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