Então, passamos a falar sobre
preservação de mananciais, uso racional da água e a rezar mais para São Pedro. Chuva
passou a ser um bem econômico e água, mais-valia. Se a migração de nordestino
caiu por graça e glória do programa social Bolsa
Família, agora também tem o estímulo de que não vale a pena trocar uma seca
por outra.
Penso, logo existo, que a continuar
nesse compasso ditado pelos últimos anos, teremos, bem antes do imaginado, a água como
moeda de troca do mundo globalizado. Faço essas reflexões a olhar a chuva, lá
fora, a cair mansamente, compassadamente... Como é lindo, romântico e, ao mesmo
tempo, tão realista.
Esse pequeno vídeo da chuva caindo lá
fora e essa saudade que não vai embora são pra estimular corações e mentes
quanto ao valor da natureza... e tudo aquilo que ela nos oferece. Lá fora, chuva,
água, plantas, orquídeas. Cá dentro, essa bela canção de Tom Jobim, na voz
inesquecível de Elis Regina.
A natureza agradece, mas quem deveria
ficar feliz mesmo são os homens, pobres mortais, cabisbaixos, eternamente a
contemplar o próprio umbigo.
Chove.
Há Silêncio
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Chove.
Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...
Que privilégio…o verde, a grama, a mensidão da chuva sobre as copas das arvores… e murmúrios de passarinhos…Acho que vou morar em Brasília…
ResponderExcluirE essa canção de de Jobim, revestida da sonoridade do piano e da voz de Elis! E ainda falam mal da nossa terra e do nosso povo…A arte nos resgata a todos. Valeu, Joseph!!!
Bom demais da conta, não é, mestre Itaney? Venha para Brasília, traga a Leila, e vamos curtir a natureza e uma boa convivência. Abraço e obrigado pela participação.
ExcluirEpa, esse poema de Fernando fala por si mesmo! Viva!
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