segunda-feira, 9 de março de 2015

Inezita Barroso - uma peça que quebrou e não tem reposição

Inezita Barroso (E) no início da carreira (Arquivo Estadão)
Ignez Magdalena Aranha de Lima pouquíssimas pessoas fazem ideia de quem seja. Mas, Inezita Barroso, milhões de brasileiros guardam-na no coração e vão preservá-la na memória pra sempre. Não apenas porque era doutora honoris causa em folclore pela Universidade de Lisboa, mas principalmente porque exerceu com talento e grandeza as profissões de cantora, atriz, instrumentista, bibliotecária, folclorista, professora, apresentadora de rádio e televisão. Produziu espetáculos e atuou em álbuns, cinema e teatro.
Morreu justamente no dia 08 de março, dedicado às mulheres, quatro dias depois de ter completado 90 anos. Nasceu no bairro Barra Funda, em São Paulo, e passou a infância cercada de influências musicais diversas. Na fazenda da família, no interior paulista, apaixonou-se pela música caipira e pelas tradições populares, das quais seria uma fiel defensora e preservadora ao longo de toda a vida. Só à frente do programa “Viola, minha viola” esteve por quase 35 anos.


Seu primeiro disco foi gravado em 1951, com canções como “Funeral de um Rei Nagô” e Curupira. Mas, dois dos seus maiores sucessos só vieram dois anos depois, em 1953, com a gravação do samba Ronda, de Paulo Vanzolini, e a caipiríssima Marvada Pinga, de Ochelsis Laureano, lançados num compacto simples pela RCA Victor, de 78 rpm. Mais tarde, gravaria outro grande sucesso: Lampião de Gás. Ao todo, gravou 80 discos.
Em dezembro do ano passado, levou uma queda na casa da sua única filha, Marta Barroso. De lá pra cá, passou a sentir cansaço e a ficar mais tempo em repouso. No dia 19 de fevereiro, teve febre e foi internada no hospital Sírio Libanês. Morreu de insuficiência respiratória aguda. Além da filha Marta, deixa três netas e cinco bisnetos.
O universo da música popular brasileira fica mais pobre ao perder Inezita e todo o belo trabalho que exercia em torno do folclore. O cantor Lourenço, da dupla Lourenço e Lourival, definiu bem essa perda tão sentida pelos brasileiros: “É uma peça que quebrou e não tem reposição”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário