A ONU foi sábia ao
criar o Dia Mundial da Felicidade, que se comemora em 20 de março, desde 2012.
Parece mais um desses golpes publicitários, mas não é. Trata-se de uma
oportunidade a mais para refletirmos sobre o assunto. Provocou, por exemplo, um
interessante debate, naquele mesmo ano de 2012, sobre a iniciativa do Butão, país
asiático que em 1970 criou a meta da Felicidade Nacional Bruta, reconhecendo a
supremacia da felicidade sobre a renda.
Talvez seja interessante não confundir alegria com
felicidade. A primeira é momentânea, de curta duração e não necessariamente
profunda. A felicidade deve ser buscada e alcançada como um estado de espírito a
ser disseminado ao longo da vida.
Sempre achei que a felicidade depende da nossa capacidade de aceitação, sem que seja confundida com submissão ou qualquer forma de comodismo. Aceitação da vida como ela é, das nossas reais possibilidades e da consciência de que a ambição tem limites. Inclusive, e principalmente, o limite de que o excesso de ambição de uns podem redundar na infelicidade de outros.
Felicidade
Fernando Pessoa
Se estou só,
quero não estar,
Se
não estou, quero estar só,
Enfim,
quero sempre estar
Da
maneira que não estou.
Ser
feliz é ser aquele.
E
aquele não é feliz,
Porque
pensa dentro dele
E
não dentro do que eu quis.
A
gente faz o que quer
Daquilo
que não é nada,
Mas
falha se o não fizer,
Fica
perdido na estrada.
Sempre achei que a felicidade depende da nossa capacidade de aceitação, sem que seja confundida com submissão ou qualquer forma de comodismo. Aceitação da vida como ela é, das nossas reais possibilidades e da consciência de que a ambição tem limites. Inclusive, e principalmente, o limite de que o excesso de ambição de uns podem redundar na infelicidade de outros.
Ambição demais pode nos levar à
situação paradoxal de achar que a felicidade nunca chega, ou pelo menos não
chega na dimensão que almejamos, ou que estamos sempre a desejar. Ao olhar muito
para o horizonte, distante e às vezes inalcançável, corremos o risco de a
felicidade passar, ou estar, debaixo do nosso nariz sem que sejamos capazes de enxergá-la, de usufruí-la.
Que o bem maior desse Dia Mundial da Felicidade se estenda através dos tempos às amigas e amigos aqui do blog.
Instantes
José Carlos Camapum Barroso
Felicidade
é uma constante
Derivada
de um instante
Que se
perde no infinito.
É o ecoar
do próprio grito,
Na
imensidão da noite,
Que
desperta o alvorecer.
É o
nascer e o renascer
De quem
se viu na escuridão
Um dia, sim;
outro, não.
Um vai,
que nem vai, e vem...
De
repente recompõe a luz
De um ser
postado em cruz.
E a
felicidade retorna, e vai.
O dia
passa, a noite cai,
Novamente
assustadora,
Como o
recolher dos passarinhos
Ao ninho,
depois do último canto,
O amanhã pode
ser um encanto,
A
felicidade insistirá em aparecer.
Como o
despertar de um novo ser,
Na
dimensão do próprio grito,
Na
imensidão do Universo,
A vida
seguirá em versos
Na
eternidade do infinito.
Amigo, sempre considerei a alegria a fração básica da felicidade... você e Pessoa estão certos, não há como recolher o canto do pássaro, e nem ser outro, precisamos, então, saborear cada alegria miúda, reunidas podem até ser chamadas felicidade... abraços capixabas
ResponderExcluirPois, é amiga. É isso. A alegria é apenas a fração básica da felicidade. O que já é muito. Bom você ter passado por aqui, com toda sua sensibilidade... Abração.
ExcluirLinda publicação e o poema maravilhoso! Felicidade, arte e artesanato andam juntos mesmo. Beijos querido!
ResponderExcluirObrigado, prima, pelas palavras carinhosas e pela sua participação aqui no blog. Valeu!
ExcluirCaro Zé, em tempos sombrios de barbaridade como esta que estamos passando, cultivar a alegria é um ato de subversividade, portanto, viva o anarquismos da felicidade!!
ResponderExcluirObrigado, amigo Fabiano pelas suas observações e pela participação aqui no blog.
ExcluirMuito bom, me fez aceitar com mais clareza meus momentos de felicidade.
ResponderExcluirFalando das músicas viva Paulinho da Viola!
Obrigado pelas palavras carinhosas e a participação aqui no blog.
ExcluirOi "Ze" Carlos, falar de felicidade é uma das coisas mais difícil, por ser só um sentimento ou estado da alma, parabéns não só pelo texto, pelo poema bem como pelas músicas, um abração
ResponderExcluirMuito obrigado. Fico feliz de que tenha conseguido falar um pouco sobre esse tema tão nobre.
ExcluirGetulio Fernandes
ResponderExcluirGrande Getúlio! Obrigado, amigo.
ExcluirMuito linda a definição desse sentimento tão nobre no ser humano.Parabéns Zé Carlos.
ResponderExcluirObrigado pela participação aqui no blog.
ExcluirBelíssimo poema!
ResponderExcluirObrigado!!!
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