sexta-feira, 20 de março de 2015

Dia Mundial da Felicidade, hoje, amanhã e sempre


Felicidade talvez seja um dos temas mais importantes da humanidade. O que exatamente é a felicidade? O que é ser feliz? É apenas um momento de alegria ou estado permanente de equilíbrio e paz mental, capaz de nos dar uma sensação de felicidade verdadeira? Os filósofos, psicólogos e outros estudiosos já se debruçaram muito sobre este tema tão instigante.

A ONU foi sábia ao criar o Dia Mundial da Felicidade, que se comemora em 20 de março, desde 2012. Parece mais um desses golpes publicitários, mas não é. Trata-se de uma oportunidade a mais para refletirmos sobre o assunto. Provocou, por exemplo, um interessante debate, naquele mesmo ano de 2012, sobre a iniciativa do Butão, país asiático que em 1970 criou a meta da Felicidade Nacional Bruta, reconhecendo a supremacia da felicidade sobre a renda.

Talvez seja interessante não confundir alegria com felicidade. A primeira é momentânea, de curta duração e não necessariamente profunda. A felicidade deve ser buscada e alcançada como um estado de espírito a ser disseminado ao longo da vida.

Felicidade
Fernando Pessoa

Se estou só, quero não estar,
Se não estou, quero estar só,
Enfim, quero sempre estar
Da maneira que não estou.

Ser feliz é ser aquele.
E aquele não é feliz,
Porque pensa dentro dele
E não dentro do que eu quis.

A gente faz o que quer
Daquilo que não é nada,
Mas falha se o não fizer,
Fica perdido na estrada.

Sempre achei que a felicidade depende da nossa capacidade de aceitação, sem que seja confundida com submissão ou qualquer forma de comodismo. Aceitação da vida como ela é, das nossas reais possibilidades e da consciência de que a ambição tem limites. Inclusive, e principalmente, o limite de que o excesso de ambição de uns podem redundar na infelicidade de outros.

Ambição demais pode nos levar à situação paradoxal de achar que a felicidade nunca chega, ou pelo menos não chega na dimensão que almejamos, ou que estamos sempre a desejar. Ao olhar muito para o horizonte, distante e às vezes inalcançável, corremos o risco de a felicidade passar, ou estar, debaixo do nosso nariz sem que sejamos capazes de enxergá-la, de usufruí-la.


Ontem, foi dia de São José, que é um exemplo clássico de aceitação. É também padroeiro dos artesãos, marceneiros e carpinteiros. Profissões que estão impregnadas de arte, principalmente a arte da paciência e do zelo. Paulinho da Viola, músico, instrumentista, compositor e cantor é também marceneiro. Não sei por que, mas Paulinho sempre me transmitiu a sensação de uma pessoa de bem com a vida, portanto, com uma considerável chance de ser realmente feliz.

Abaixo poesia e alguns vídeos musicais. Música é o melhor caminho pra se buscar a felicidade.
Que o bem maior desse Dia Mundial da Felicidade se estenda através dos tempos às amigas e amigos aqui do blog.

Instantes
José Carlos Camapum Barroso

Felicidade é uma constante
Derivada de um instante
Que se perde no infinito.

É o ecoar do próprio grito,
Na imensidão da noite,
Que desperta o alvorecer.

É o nascer e o renascer
De quem se viu na escuridão
Um dia, sim; outro, não.

Um vai, que nem vai, e vem...
De repente recompõe a luz
De um ser postado em cruz.

E a felicidade retorna, e vai.
O dia passa, a noite cai,
Novamente assustadora,

Como o recolher dos passarinhos
Ao ninho, depois do último canto,
O amanhã pode ser um encanto,
A felicidade insistirá em aparecer.

Como o despertar de um novo ser,
Na dimensão do próprio grito,
Na imensidão do Universo,
A vida seguirá em versos
Na eternidade do infinito.




16 comentários:

  1. Amigo, sempre considerei a alegria a fração básica da felicidade... você e Pessoa estão certos, não há como recolher o canto do pássaro, e nem ser outro, precisamos, então, saborear cada alegria miúda, reunidas podem até ser chamadas felicidade... abraços capixabas

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    1. Pois, é amiga. É isso. A alegria é apenas a fração básica da felicidade. O que já é muito. Bom você ter passado por aqui, com toda sua sensibilidade... Abração.

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  2. Linda publicação e o poema maravilhoso! Felicidade, arte e artesanato andam juntos mesmo. Beijos querido!

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    1. Obrigado, prima, pelas palavras carinhosas e pela sua participação aqui no blog. Valeu!

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  3. Caro Zé, em tempos sombrios de barbaridade como esta que estamos passando, cultivar a alegria é um ato de subversividade, portanto, viva o anarquismos da felicidade!!

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    1. Obrigado, amigo Fabiano pelas suas observações e pela participação aqui no blog.

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  4. Muito bom, me fez aceitar com mais clareza meus momentos de felicidade.
    Falando das músicas viva Paulinho da Viola!

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  5. Oi "Ze" Carlos, falar de felicidade é uma das coisas mais difícil, por ser só um sentimento ou estado da alma, parabéns não só pelo texto, pelo poema bem como pelas músicas, um abração

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    1. Muito obrigado. Fico feliz de que tenha conseguido falar um pouco sobre esse tema tão nobre.

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  6. Muito linda a definição desse sentimento tão nobre no ser humano.Parabéns Zé Carlos.

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