quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Véspera do Dia de Finados é o dia dos sepultadores


Tem um profissional que ninguém lembra de homenagear. Quando lembra quer esquecer. Mas, o dia dele também existe. E é comemorado hoje, dia do sepultador. Pesquisei e descobri – salvo um melhor trabalho no Google, o novo pai dos burros – que apenas São Paulo tem um dia dedicado a esses trabalhadores também conhecidos com coveiros. O paulista é mais realista... sei lá, menos chegado a sentimentalismos ultrapassados.
Essa homenagem existe graças à Lei 12.940 de 2008, quando era governador do estado José Serra. Piada pronta para o outro José, o macaco Simão, o colunista-humorista da Folha de São Paulo, que sempre comparou Serra ao Vampiro Anêmico. Serra, diria Simão, trabalhou nesse caso em causa própria.
A verdade verdadeira é que ninguém lembra dessa pobre gente. Os coveiros, melhor, os sepultadores, não são vistos, ou não são bem vistos, mesmo estando ali, atenciosos, dedicados e reservados, num momento tão difícil da vida das famílias. Com seus uniformes azuis, de faixas amarelas, cores nada tristes, não manifestam sentimentos, simpatia ou antipatia, alegria ou tristeza, comiseração, revolta... nada.


Estão ali porque esse é o ganha-pão deles de cada dia, de todos os dias, faça chuva ou faça sol, feriado, dias da semana, sábados e domingos. Até mesmo no Dia de Finados, comemorado no dia seguinte... Vai que alguém resolve morrer no Dia dos Mortos.
Fazem até piadas com o pobre do sepultador. Pode?

No cemitério o coveiro cavava uma nova cova, mas estava tão distraído que não percebeu que cavava demais. Após algum tempo ele olhou para cima e percebeu que não conseguiria sair dali sozinho. Ele gritou para pedir ajuda, mas ninguém apareceu. Passaram-se várias horas e ele já estava desesperado e com muito frio. Ele então escuta o som de passos e grita mais uma vez por ajuda, até que um bêbado se aproxima do buraco.
- O que aconteceu? - pergunta o bêbado.
- Você tem que me ajudar, eu estou preso nesse buraco, morrendo de frio - explica o coveiro.
O bêbado responde:
- É claro que está com frio, tiraram toda a terra de cima de você. Não se preocupe, pobre mortinho, vou te ajudar!
E o bêbado cuidadosamente começou a enterrar o coveiro.


Aos sepultadores nossas mais sinceras homenagens. Não existe motivo algum para eles se envergonharem da profissão. 
Num enterro de um amigo, até comentei com um desses profissionais. 
- Não é fácil essa profissão, né? Ter que enterrar uma pessoa.
Bem rápido e indiferente, me respondeu:
- Nem tanto... antes ele do que eu.

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