terça-feira, 10 de maio de 2022

Nei Lopes faz 80 anos e a cultura brasileira bate palmas

Nei Lopes completou 80 anos nesta segunda-feira. Nós brasileiros, amantes da cultura, temos que comemorar e agradecer aos céus pela existência de um artista tão sublime. Nascido no Rio de Janeiro, em 9 de maio de 1942, Nei Lopes é escritor, cantor, compositor e estudioso das culturas africanas, formado em Direito e Ciências Sociais pela antiga Universidade Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Um currículo para ninguém botar defeito. Mas antes disso, e acima de tudo isso, um cidadão brasileiro, talentoso, apaixonado pelas artes e orgulhoso do seu povo, sua gente, suas origens. Tem mostrado isso, com graça, charme e bom humor, em tudo que faz na vida, principalmente nas canções e nos livros.

Nei Lopes completou mais um ano de vida com 44 livros publicados, 10 discos lançados e uma dezena de prêmios e títulos recebidos, entre eles, o de Doutor Honoris Causa pelas universidades estadual e federal do Rio de Janeiro.

Nos álbuns que lançou como cantor, aprofundou o olhar da diáspora africana sob o prisma da música, utilizando como ferramenta o samba, mas também por meio de ritmos ancestrais como jongo, lundu, maxixe e xiba. Gêneros musicais que prepararam o terreiro para o samba.

Negro Mesmo (1983), disco editado pela gravadora Lira Paulistana com distribuição da Continental, é referência no tema. É desse álbum o Jongo do Irmão Café, uma das obras-primas da parceria do compositor com o conterrâneo carioca Wilson Moreira (1936 – 2018).

A dupla gerou músicas que reverberam ainda hoje, como Ao Povo em Forma de Arte (1977, samba apresentado por ninguém menos do que o engajado Candeia), Coisa da Antiga (partido alto gravado por Clara Nunes em 1977), Candongueiro (composição apresentada pela mesma Clara Nunes em disco de 1978), Gostoso Veneno (samba lançado por Alcione no álbum homônimo de 1979) e Senhora Liberdade (samba apresentado na voz de Zezé Motta em 1979).

Nei Lopes também lançou álbuns de carreira solo, como Sincopando o Breque, Partido ao Cubo e Chutando o Balde, todos marcados por forte suingue e perfeitamente harmonizados com o que escreveu em seus livros, enfocando suas origens.

No ano de 1981, uma tragédia mudaria significativamente o artista. Como ele mesmo conta, em uma entrevista a Carta Capital. “Perdi o mais novo de meus dois filhos, que tinha completado 4 anos na véspera, em um acidente no mar. A partir daí, depois de muito sofrimento, minha vida tomou outro rumo, felizmente pra melhor. Tudo o que produzi de mais significativo começou aí. Este tem sido meu caminho”, revelou à revista.

O povo brasileiro, a cultura do país e da nossa gente deve muito a Nei Lopes, um artista grandioso e um ser humano admirado por todos que o conhecem.

Viva Nei Lopes! E obrigado por tudo! 



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