terça-feira, 14 de junho de 2022

Odessa nos deixou no Dia Universal de Deus, há 16 anos

Odessa e meus filhos Jordano e Ramiro, no Rio de Janeiro

Exatamente há 16 anos, nesse mesmo Dia Universal de Deus, minha sogra Odessa de Freitas resolveu, de forma abrupta e inesperada, trocar este mundo por um outro, talvez melhor e mais grandioso. Foi mais uma vítima dos acidentes de trânsito, tão frequentes nas metrópoles brasileiras. Mais um pedestre que entrou para as estatísticas quando transitava pelas ruas de Goiânia, na Avenida 85, bem pertinho do campo do Goiás, no dia 14 de junho de 2006, véspera de mais um Copa do Mundo de Futebol.

Durante todos esses anos de ausência, pudemos perceber quanta falta faz uma pessoa de personalidade marcante e presença constante em todos os episódios da família e dos amigos. Nunca se furtou a percorrer distâncias e atravessar fronteiras para visitar um parente ou um amigo.

Deixou muitas saudades e uma gama de boas lembranças, principalmente pela personalidade que ostentava: forte, determinada e de uma invejável capacidade de comunicação. Dedicou boa parte da sua vida à família, aos amigos e amigas. Não os abandonava, jamais, sempre dando atenção especial nos momentos bons e ruins da vida.

Quem não a conheceu, perdeu uma extraordinária oportunidade de conviver com uma bela pessoa. Sincera, muito franca e de uma presença de espírito impressionante. Adorava o Rio de Janeiro, o Botafogo, Carlos Lacerda, Jânio Quadros, Getúlio Vargas, mas detestava Juscelino Kubitschek, Brasília e tudo que, por algum motivo, lembrasse "o comunismo". Era da UDN do lenço vermelho.

Católica, devota do padre Eustáquio.  Era mineira da gema e se orgulhava da sua gente.

Revirando nossos alfarrábios, descobrimos duas poesias que ela deixou, escritas de próprio punho. Demonstra seu lado romântico, mas também um pouco do modo duro e crítico como enxergava a vida. A poesia Regresso fala de alguns dias vividos na nossa querida Uruaçu, lá pelos idos de 1972. 

Já o poema Tarde Demais nos remete a uma surpreendente visão do amor, a alegria que ele nos traz, mesmo quando, supostamente, ocorre em descompasso com o tempo.

Resgato esses dois textos para matar um pouco a saudade dessa pessoa que ocupou um espaço importante na vida de todos nós.

Dezesseis anos... como o tempo passa rápido. Não se fazem ausentes, jamais, aquelas personalidades que sempre estiveram presentes pela força do seu ser. Pessoas assim são capazes de desafiar até o tempo. De fato, só poderia ter nos deixado no Dia Universal de Deus...

A Odessa de Freitas, minha sogra, mãe da minha mulher, avó dos meus filhos, bisavó dos meus netos, dedico esta canção. Que ela possa ouvir, ao lado de Deus, acompanhada de acordes celestiais.

Beijos no coração. 

Canção de adeus

José Carlos Camapum Barroso


Vou andar sobre nuvens

E trocar estrelas no céu,

Lustrar o brilho da Lua

E filtrar os raios do Sol.

 

Acariciar o vento Oeste,

Antes que o sopro Leste

Traga a fúria dos Deuses.

Trocar a lua Nova,

 

Pelo brilho da Cheia

A refletir na branca areia

Os sonhos de então...

Bem acima dos montes

 

A plainar no Horizonte

Como o voo da Águia,

Verei a fonte dos rios,

O espelho dos Lagos

 

A refletir a grandeza

Da natureza Divina.

E nos olhos, lágrimas,

Gotas puras de orvalho,

 

Prisma de cristal...

Saudades de então...

Tão perto do infinito

Mas distante dos meus,

 

A gritarem bem forte:

Por que o vento Norte

Não ouve a voz de Deus?

Ventos de tanta altitude,

 

Não escolhem Latitude,

Apenas cobrem a Terra

No manto da sagração.

É folha de esperança!

 

Como choro de criança,

Que jorra do coração...


4 comentários:

  1. Saudades demais da minha mãe querida! Obrigada Zé, mais vez, com lindas palavras!

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  2. Que linda homenagem!!! Zezão, você podia digitar as poesias, está difícil de ler, principalmente para os amigos que ja carregam muitos janeiros kkkkk

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  3. A querida prima da qual mantenho vivas lembranças de sua simpatia e grande carinho pelos seus parentes e amigos. Que Deus a tenha.

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