O Brasil simplesmente ignorou o
centenário de nascimento de Ciro Monteiro. Alguns jornais fizeram reverência a
esta data, é verdade, mas as televisões e as emissoras de rádio simplesmente
ignoraram que no dia de hoje completaria cem anos um dos maiores cantores de
nossa MPB, comparado por muitos críticos a Orlando Silva.
Já escrevi sobre o talento desse
carioca da gema, flamenguista apaixonado, grande amigo dos seus amigos e um
extraordinário contador de histórias e casos. Era uma figura humana adorada por
todos, tanto que Vinícius de Moraes cunhou uma frase genial para defini-lo: “Ciro Monteiro é um grande abraço em toda a humanidade”.
Brincava
com tudo, desde o medo de viajar de avião até com a morte. O pesquisador Jairo
Severiano conta em seu livro “Uma história da Música Popular Brasileira
– Das origens à modernidade”, que o cantor, pouco antes de morrer, declarou
à apresentadora de televisão Edna Savaget:
“Leve um recado para os amigos Vinicius de Moraes,
Fernando Lobo e Reinaldo Dias Leme: diga para não chorar, porque tenho encontro
marcado com Pixinguinha, Stanislaw Ponte Preta e Benedito Lacerda. Não bebo há
dois anos e agora vou tomar o maior pileque da minha vida”.
Detestava viajar de avião. Só o fazia quando era
obrigado. Então, rezava em voz baixa, mas o suficiente para que as pessoas do
lado pudessem ouvi-lo. Sempre invocava São Andreatto, pedindo que ele
protegesse o comandante, que tinha filhos lindos e uma esposa muito nova, e
também guardasse a tripulação e os passageiros. Alguém sempre perguntava: quem
é esse São Andreatto? Ele respondia que São Andreatto tinha nascido em Lisboa,
em 1402, não era muito divulgado e pouco conhecido. Por ser tão desocupado,
tinha mais chance de atendê-lo, até porque estaria desesperado pra operar um
milagre.
Ciro era isso e muito mais. Não dá pra esquecê-lo,
assim, como fizeram as autoridades culturais nesse seu século de nascimento. Pra
ajudar as novas gerações a conhecerem um pouco desse artista genial em sua
capacidade de cantar samba sincopado, e também por ter sido responsável pela criação da
caixinha de fósforo como instrumento de percussão, posto abaixo um curto
documentário sobre Ciro Monteiro. São pouco mais de cinco minutos de pura
delícia.
Como esta noite já é véspera de uma quarta-feira
com cara de sexta-feira gorda, relaxem, cliquem aqui e leiam o post anterior
sobre esse artista genial. Vale a pena.
Merecida e necessária lembrança e registro, Ciro Monteiro foi um dos grandes nomes da MPB....
ResponderExcluirDo amigo e assessor de Comunicação da CEB, Mauro Alves Pinheiro, recebi por e-mail o comentário abaixo:
ResponderExcluir"Fui lá no Blog e ouvi três vezes o excelente Ciro Monteiro. Obrigado por proporcionar-me este momento. Valeu, mesmo."