terça-feira, 28 de maio de 2013

Esqueceram dos 100 anos de Ciro Monteiro, um cantor genial


Há exatamente 100 anos, no dia 28 de maio de 1913, nascia, no Rio de Janeiro, um dos mais talentosos cantores da música popular brasileira: Ciro Monteiro. Morreu novo, em 1973, poucos meses depois de completar 60 anos. Poderia estar vivo, entre nós, contando suas histórias fantásticas e cantando com aquela bossa de matar de inveja. Pelo menos a sua memória precisa ser preservada, o que, infelizmente, não está ocorrendo por parte dos órgãos ligados à cultura.
O Brasil simplesmente ignorou o centenário de nascimento de Ciro Monteiro. Alguns jornais fizeram reverência a esta data, é verdade, mas as televisões e as emissoras de rádio simplesmente ignoraram que no dia de hoje completaria cem anos um dos maiores cantores de nossa MPB, comparado por muitos críticos a Orlando Silva.
Já escrevi sobre o talento desse carioca da gema, flamenguista apaixonado, grande amigo dos seus amigos e um extraordinário contador de histórias e casos. Era uma figura humana adorada por todos, tanto que Vinícius de Moraes cunhou uma frase genial para defini-lo: “Ciro Monteiro é um grande abraço em toda a humanidade”.
Brincava com tudo, desde o medo de viajar de avião até com a morte. O pesquisador Jairo Severiano conta em seu livro “Uma história da Música Popular Brasileira – Das origens à modernidade”, que o cantor, pouco antes de morrer, declarou à apresentadora de televisão Edna Savaget:
“Leve um recado para os amigos Vinicius de Moraes, Fernando Lobo e Reinaldo Dias Leme: diga para não chorar, porque tenho encontro marcado com Pixinguinha, Stanislaw Ponte Preta e Benedito Lacerda. Não bebo há dois anos e agora vou tomar o maior pileque da minha vida”.
Detestava viajar de avião. Só o fazia quando era obrigado. Então, rezava em voz baixa, mas o suficiente para que as pessoas do lado pudessem ouvi-lo. Sempre invocava São Andreatto, pedindo que ele protegesse o comandante, que tinha filhos lindos e uma esposa muito nova, e também guardasse a tripulação e os passageiros. Alguém sempre perguntava: quem é esse São Andreatto? Ele respondia que São Andreatto tinha nascido em Lisboa, em 1402, não era muito divulgado e pouco conhecido. Por ser tão desocupado, tinha mais chance de atendê-lo, até porque estaria desesperado pra operar um milagre.
Ciro era isso e muito mais. Não dá pra esquecê-lo, assim, como fizeram as autoridades culturais nesse seu século de nascimento. Pra ajudar as novas gerações a conhecerem um pouco desse artista genial em sua capacidade de cantar samba sincopado, e também por ter sido responsável pela criação da caixinha de fósforo como instrumento de percussão, posto abaixo um curto documentário sobre Ciro Monteiro. São pouco mais de cinco minutos de pura delícia.
Como esta noite já é véspera de uma quarta-feira com cara de sexta-feira gorda, relaxem, cliquem aqui e leiam o post anterior sobre esse artista genial. Vale a pena.



2 comentários:

  1. Merecida e necessária lembrança e registro, Ciro Monteiro foi um dos grandes nomes da MPB....

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  2. Do amigo e assessor de Comunicação da CEB, Mauro Alves Pinheiro, recebi por e-mail o comentário abaixo:
    "Fui lá no Blog e ouvi três vezes o excelente Ciro Monteiro. Obrigado por proporcionar-me este momento. Valeu, mesmo."

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