sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Naufrágio e poesia no Dia de São Francisco de Assis

Como hoje é Dia de São Francisco e os poetas têm afinidades com esse santo da Igreja Católica, resgatei essa poesia, que estava guardada em um arquivo do computador, a espera de uma lapidação e de uma razão para ser divulgada. A razão está posta, falta o esmerilho que pretendo comprar pela Internet. Hoje é Dia de São Francisco de Assis e o mundo se vê diante de uma tragédia inaceitável para o terceiro milênio da Era Cristã. Dezenas de irmãos africanos morreram no Mar Mediterrâneo em busca de um lugar ao sol, com direito a trabalho e comida. O papa Francisco tem razão: hoje é um dia de muita tristeza.


Aos poetas
José Carlos Camapum Barroso

Somos poetas,
Maior ou menor,
Não importa.
Neste mundo,
Tal dimensão
Não existe.
Subsiste
Apenas a dor
Alegria contida
E muito amor.
Sorriso franco
Fala mansa,
Olhar distante
E observador.
Poetas somos,
Como Drummond
Nos ensinou...
Ferro de Ferreira,
Bandeira à mão,
Pena nos dedos,
João no coração.
Somos poetas
Enquanto durar:
Dor de injustiça
Guerra pela paz
Fome de comer
Sede de beber
Razão para viver...
Poeta somos,
Seremos, sempre,
Enquanto ser.

Um comentário:

  1. Do amigo e escritor Jean-Marie, sempre muito atento, recebi o seguinte comentário:
    "Dia de São Francisco de Assis, que abandonou tudo para viver como pobre, neste mundo que têm bilhões que deixariam tudo do nada que tem para compartilhar a riqueza dos outros.
    Fica a poesia para se permitir de sobreviver sem a dor deles? Ou para transformar o desespero em um sopro que canta ainda? São Francisco e discípulos sabem o que é a poesia da pobreza, os outros, os verdadeiros pobres, os que não escolheram, não sei. Precisa saber lapidar a alma para isto, precisa saber compartilhar. Sabemos? Fica a poesia para pelo menos participar. Fica a poesia da comiseração, aquela que permite não esquecer a fome dos outros. Fica a poesia para deixar saber que tem beleza ainda na miséria. François Villon, poeta francês da idade media, soube cantar as turpitudes com maestria, vivê-las, mas não nasceu pobre, assim é mais fácil se distanciar para observar e descrever. José Carlos, assim fica a sua poesia para chamar a atenção, é o que importa.
    Jean-Marie"

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