terça-feira, 26 de julho de 2016

Dia dos avós e as lembranças que resistem ao tempo


Minha avó Naninha, Ana de Alencar Camapum, figura esquálida, pequena, de pouca visibilidade, não se enquadrava naquele exemplo clássico de vó.  Não era de nos agasalhar no colo, fazer gracinhas, dengos e outras peripécias que tanto entusiasmam as crianças. Mas gostava de presentear. Costumava aproximar-se de nós com um dinheirinho enrolado na mão, dizendo: “toma meu filho, pra comprar um refrigerante”.
Meu avô Toinho, Antônio Pereira Camapum, era mais pragmático. Convivi poucos anos com ele, que era bem mais velho do que minha avó. Foi o suficiente para aprender o lado prático da vida. Ensinou-me a fazer poupança, ganhar dinheiro vendendo laranja, pirulito, engraxando sapatos nas ruas. Dele era difícil conseguir algum trocado; o bolso da calça era muito fundo...
Nossos avós nos ensinaram a sermos caridosos, solidários e a fazer orações antes de dormir – rezar um Padre-Nosso, uma Ave-Maria e concluir, dizendo: “Com Deus me deito, com Deus me levanto, na graça de Deus, Espírito Santo”. Amém.
São lembranças que veem à memória neste dia 26 de julho, dos Avós e de Nossa Senhora Santana, padroeira de Uruaçu. Época também das barraquinhas, com seus leilões, correios elegantes e outras tradições que quase não se vê mais.
É também a data do meu casamento com a Stela, que nesta noite chega aos 36 anos de vivência, convivência e sobrevivência (leia texto abaixo).
Como tempo passa a rápido, mas as lembranças ficam guardadas nos nossos corações.

O Tempo
José Carlos Camapum Barroso

O tempo do relógio
Não é como o dos
Sentimentos
Que passa como
Passa o vento...

Tempo de relógio
É compassado,
Ritmado, perene...
O tempo da alma
Geme, resistente.
Não passa, ou passa
Tão urgentemente
Que o coração
Não pressente
O descompasso
Entre dor e lamento...

Ah... O tempo?
É o espaço entre
O momento que se foi
E o que ainda virá...
Entre o fogo aceso
E a chama apagada
Em nossa mente...
Onde o amor, presente,
E a dor, ausente,
Tocam-se suavemente.

Ah... O tempo?
Vingança divina
De deuses em ruína,
Na imensidão do Universo,
Na exatidão dos versos
De um poeta qualquer...

Quão desmedido é o tempo!


Nenhum comentário:

Postar um comentário