quinta-feira, 27 de setembro de 2018

O moderno e elegante Tito Madi morre aos 89 anos


O tempo é cruel no quesito que diz respeito a questões de modernidade. Tito Madi, que morreu hoje, no Rio de Janeiro, aos 89 anos, é visto nos tempos atuais como um cantor antiquado, démodé, ultrapassado. Mal sabem, os moderninhos de hoje, que Chauki Maddi foi o rei do samba-canção, precursor da Bossa Nova, e acima de tudo um cantor moderno, porque depurou o drama das canções de amor e fossa que era tão comum nas músicas brasileira da década de 1940.
Os ventos que trouxeram a modernidade para a década de 1950 tinham na sua sonoridade uma influência considerável de Tito Madi. Além de cantor, refinado e afinado, foi um importante compositor da nossa música, assinando sucessos como Balanço Zona Sul, Chove Lá Fora, Cansei de Ilusões, Quero-te Assim e Não Diga Não.
Descendente de libaneses, paulista de Pirajuí, ele nasceu de uma família musical e começou sua carreira na rádio Tupi de São Paulo, já com o nome artístico de Tito Madi. Poucos anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, fazendo carreira em Copacabana, então o centro da vida musical da cidade, com repercussões em todo o Brasil e no exterior.


Tito Madi foi inspiração para nossa geração, influenciando o modo de cantar dos adolescentes do final dos anos 1960 e por toda a década seguinte. Nossa formação recebeu uma pitada da sua elegância, bem como o estilo de João Gilberto e dos cantores que estavam surgindo, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Milton Nascimento, e das cantoras Elis Regina, Gal Costa, Nana Caymmi e Maria Bethânia.
Está preste a ser lançado um CD de Nana Caymmi em homenagem a Tito Madi. Um disco que vai marcar a volta ao cenário musical dessa baiana, filha de Dorival Caymmi, uma das melhores cantoras brasileira e que está afastada há nove anos. A cópia ainda inacabada do CD foi entregue a Tito Madi pouco antes de sua internação no Hospital São Lucas, há 13 dias. Deixou músicas inéditas. Duas delas serão gravadas por Aurea Martins.


Tito Madi teve sua saúde debilitada por um AVC, andava de cadeira de rodas e fazia hemodiálise. Foi internado com pneumonia e veio a falecer na noite de ontem. Sua filha Carmem Maddi Bulcão disse que ele “já estava fraquinho. Ontem, na última visita, ficamos felizes porque ele estava sem os tubos, mas infelizmente não resistiu”.
Mais uma página importante do livro da música brasileira é destacada contra a nossa vontade e desejo. Pessoas elegantes e talentosas como Tito Madi não deveriam morrer nunca.
Aliás, não morrem mesmo. Continuam por aí perambulando em nossas mentes e corações.




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