terça-feira, 25 de janeiro de 2022

São Paulo faz 468 anos sem esquecer o Som Paulo caipira

 

A cidade de São Paulo faz hoje 468 anos. Atividades comemorativas estão bastante reduzidas e limitadas em mais um ano de pandemia. Mas, algumas comemorações estão acontecendo por lá, entre elas, a inauguração de um grande mural em homenagem aos profissionais de saúde, missa na Praça da Sé e outras atividades em praças, parques e avenidas.

Sou um apaixonado pela grandeza e pelas tradições que sempre embalaram a cidade. Peço licença às leitoras e leitores do Blog para reproduzir, atualizado, um texto publicado há alguns anos. Retrata muito bem o que penso e sinto sobre São Paulo.


"Alguém aí sabe me dizer se o Som Paulo caipira ainda existe? Aquele Som Paulo – dos tempos de Alvarenga e Ranchinho, Raul Torres, Zé Fortuna, Nhô Bento, Barreto, Tonico e Tinoco e tantos outros que fizeram estrada na música verdadeiramente sertaneja – ainda existe? Faço essa pergunta pelo fato de o São Paulo de agora fazer hoje 468 anos e ter se transformado num verdadeiro país dentro do Brasil. Tem um mundo dentro de si e carrega, como consequência, problemas que são inimagináveis para essa cabecinha, aqui, lá do interior goiano...

São Paulo tem quase a idade do descobrimento do Brasil e sua história se confunde com a do país. A cidade tem tudo no âmbito da indústria, comércio, diversão, artes e cultura. Os problemas também são muitos e com a dimensão de uma megalópole. Mas, seus atrativos são grandiosos e nos deixam entusiasmados.


Estar em São Paulo é se sentir amplo, realizado. As possibilidades são tantas que nos consideramos parte delas. Nossos sonhos crescem junto com a dimensão da cidade e tudo o que ela nos oferece.

Senti isso de forma mais relevante quando conheci a Vila Madalena e suas opções de boemia tão tradicionais e admiradas. A começar pelos nomes poéticos das ruas: Paulistânia, Harmonia, Purpurina, Girassol, Original, entre outros. De repente, você se encontra na esquina da Harmonia com a Purpurina. Nomes que foram sugeridos por estudantes anarquistas que frequentavam o bairro.


Mas, não tenho visto ser ostentado por aí, com grandeza e orgulho, a cultura caipira, que Som Paulo fez nascer e cultivou por tantos anos. Existem, sim, sertanejos oportunistas como esse tal de Daniel, que fez dupla com João Paulo, e outros do mesmo nível, de uma pobreza artística impressionante. Quem desbravou o universo caipira foi o paulista Cornélio Pires, que, se ainda estivesse vivo, não permitiria esse vácuo na cultura secular de São Paulo. Tudo isso está muito claro nos belos versos de Nhô Bento, resgatados por Rolando Boldrin, como abertura da música Paulistinha, composição de Barreto, que reproduzo no vídeo abaixo.



São Paulo continua aí a desafiar qualquer raciocínio lógico, abrigando gente de todas as partes do país e do mundo. Caetano Veloso teve uma sensibilidade extraordinária ao compor Sampa, que fala da beleza impressionante e assustadora da cidade, de sua Rita Lee e de tantas outras realidades.

Viva São Paulo e Som Paulo! O de agora e o de sempre! Dos tempos dos caipiras até os dias de hoje, passando por Paulo Vanzolini, Adoniran Barbosa e tantos outros de saudosa memória! A cidade é rica culturalmente e não apenas financeiramente."


 

 

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