quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Antes de chegar setembro, a boa nova é o sabiá

Pintura de Gabriel Gavioli

Mês de agosto – de tantos desgostos, segundo a crença – traz de volta o canto do sabiá, associado ao desejo de chuva pra molhar a terra e umidificar o ar. Som suave, delicado, vindo cada vez mais cedo, bem antes da primavera... pra nossa sorte e deleite.

O ipê amarelo completa esse cenário, impondo uma beleza sem par, pronta para cobrir a grama seca, amarronzada, de um amarelo vivo, fulgurante e consolador. Nem tudo está perdido, embora o ser humano se esforce tanto para antecipar o fim de tudo. Até mesmo, o fim dos tempos...

Antes que o homem alcance seu objetivo tão desastroso, brindemos à natureza, com poesia e música. É o que nos resta e nos faz resistentes. Beijos no coração.

Cantar do Sabiá
José Carlos Camapum Barroso
 
Sabiá, no quintal, cantou, depois de um longo e tenebroso inverno...
Era fim de tarde, início de manhã? Bem mais cedo, o mundo mudou.
Veio o ar da Primavera, o gosto seco de chuva...
 
O vento de setembro pôs fim ao de agosto.
Sabiá-laranjeira, ave do peito-roxo,
Canto de primeira, som de Altamiro Carrilho na flauta...
Meu sabiá, bandeira, Brasão infinito de um Brasil brasileiro.
 
Sabiá-ponga,
Sabiá-piranga,
Meu Caraxué!
O sabiá-laranja
 
Cantou um canto triste no terreiro?
Barriga-vermelha, de um canto fino,
Um cantar sovina, bem brasileiro.
 
Sabiá, sabiá
Não me leve a mal...
Vem cantar de novo
Aqui no meu quintal?

8 comentários:

  1. Belo poema! Vamos brindar a natureza! Quão maravilhoso é ouvir o som de um pássaro. Acalma, encanta e acolhe! Zeca, vc é nota 1000

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  2. Brilhante Zeca suas poesias sempre traz bom ares, e pra mim um pouco de ensinamento com natureza, "Sabiá vem com a primavera e pedindo chuva" isso fica na mente então sai mais

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  3. Setembro, sabia, primavera! Nem tudo está perdido! Que floresçam canções e perdoes!

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