segunda-feira, 9 de abril de 2012

Crise aumenta desemprego na Espanha e atinge área cultural

O desemprego cresce nos países da zona do Euro. A situação torna-se particularmente assustadora na Espanha, que chegou a um índice de 23,8% de desempregados, sendo que mais da metade dos jovens (50,6%) estão sem trabalho. A situação econômica ainda continua indigesta em países como Grécia, Portugal, Itália, Irlanda e agora também Espanha.
Enquanto isso, o Brasil, depois da redemocratização, da estabilidade econômica e da retomada do crescimento, voltou a ser atrativo para cidadãos que começam a perder a esperança de encontrar emprego numa Europa que não consegue se desvencilhar da crise. Alemanha, com bom desempenho econômico, é a exceção, apresentando crescimento inclusive no número de estrangeiros residentes no país: 2,6% no ano passado.
É interessante essa reviravolta no fluxo migratório. Até muito recentemente, a Espanha criava uma série de dificuldades para receber migrantes brasileiros, com ações que beiravam o preconceito. Agora são os espanhóis que buscam as economias em desenvolvimento, principalmente Brasil, para fazer cursos e conseguir emprego. O governo brasileiro, por sua vez, estuda medidas que possam incentivar a vinda de mão de obra qualificada e desestimular a entrada de imigrantes haitianos, por exemplo, que estão “invadindo” o Acre.
A globalização traz sabores e dissabores. O crédito fácil e a dívida soberana destroem economias como a da Espanha, que é a quinta da Europa e a 12ª mundial, geram desemprego e até mesmo manifestações inusitadas. No final do mês de março, prostitutas de luxo de Madrid se recusaram a fazer sexo com banqueiros, em protesto contra a crise financeira que assola o país. Uma representante das “meninas” disse a um tabloide local: “Nós somos as únicas com capacidade para pressionar o setor”.
Este blog tem demonstrado, em vários textos, preocupação com a ameaça da crise econômica à área cultural, tão rica, da Europa. Mostramos isso com relação à Grécia (clique aqui), Portugal (clique aqui) e Itália (clique aqui). A mesma situação repete-se na Espanha, que fez duros cortes no orçamento dedicado às festas da Semana Santa, que têm uma tradição cultural muito forte.
Como se não bastasse, o renomado Barcelona Ópera Liceu (foto acima) anunciou esta semana que vai cancelar vários shows e fechar suas portas por dois meses. O déficit do teatro chega a 3,7 milhões de euros. O orçamento do governo minguou e os patrocinadores estão sumindo. Mais um exemplo de que os cortes de verbas, em período de crise, sempre começam pela área cultural.
Além da tristeza de constatar essa situação, deixo uma sugestão ao governo espanhol: exportar para o Brasil o violonista Paco de Lucia, que poderá ficar alguns anos por aqui dando aula de música flamenca. Pode vir também umas dançarinas espanholas, com aquelas castanholas pra ninguém botar defeito...

Um comentário:

  1. Se esse tipo de protesto, feito pelas prostitutas de Madri virar moda, vai provocar uma revolução no sistema financeiro mundial (kkkk). Agora, falando sério, é uma grande tragédia o que acontece nesses países . Já passamos aqui no Brasil por momentos semelhantes e é cruel ser jovem em um período como esse onde a política economica, tão impessoal tira das pessoas a capacidade de ter esperança...
    abraços,
    Melissa

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