domingo, 15 de abril de 2012

Oásis de Bethânia resgata poesia e a arte de Roque Ferreira

Já disse mais de uma vez aqui neste blog, mas não me canso de repetir: a música popular brasileira é muito rica. Por isso mesmo, está sempre a nos provocar agradáveis surpresas. A maior delas, neste ano que mal começou e já vai bem adiantado, talvez seja o lançamento do novo CD de Maria Bethânia – essa genial intérprete da nossa música (para ler mais clique aqui).O disco de Bethânia é maravilhoso, com a direção geral dela e do baixista José Helder extremamente cuidadosa, rica nos detalhes e cheia de surpresas. A começar pela feliz ideia de deixar que cada música tivesse um diretor de criação e arranjador específico. Bethânia e Helder ficaram por conta da criação geral que dá unidade e vida própria ao CD.
Nesse quesito, destacam-se as criações dadas por Hamilton de Holanda em Lágrima de Cândido das Neves, por Lenine no Velho Francisco de Chico Buarque, por Djavan para a sua canção Vive, por André Mehmari no genial Salmo de Rafael Rabelo e Paulo Cesar Pinheiro e por Jaime Alem na belíssima composição Fado, de Roque Ferreira.
Essa é outra surpresa agradabilíssima, não apenas nesse Oásis fértil de Maria Bethânia, mas principalmente na MPB que julgamos conhecer muito e que, na realidade, ainda temos mais a conhecer. Roque Ferreira (foto ao lado) participa do disco com três canções: Fado, Casablanca e Barulho. Sou obrigado a confessar que conhecia muito pouco da história musical desse artista, a não ser pelo fato de ter feito parcerias com outros compositores, principalmente com Paulo Cesar Pinheiro.
Na verdade, Roque Ferreira é um grande compositor de sambas da Bahia, que já gravou dois discos cantando suas próprias músicas, mas que não foram divulgados por terem sido confiados a gravadoras de pequeno porte. Os meios de comunicação no Brasil, infelizmente, só dão espaço para quem entrega seus trabalhos às grandes gravadoras e aceita “esquemas” de distribuição.
Quem gosta de música e sabe o valor da nossa MPB, tem obrigação de ouvir e apreciar esse novo trabalho de Bethânia e também de conhecer um pouco mais sobre a obra de Roque Ferreira, que nasceu no ano de 1947 e é compositor desde os 14 anos de idade. Publicitário, durante 20 anos, largou a profissão para viver exclusivamente da música.
Eu já estou fazendo a minha parte. Descobri coisas interessantes, e uma delas compartilho com os leitores do blog, logo após a interpretação que Maria Bethânia deu ao Fado de Roque Ferreira. Trata-se da música Luz de Candeeiro, na voz do próprio Roque e gravada no disco Tem Samba no Mar, pelo Selo Quelé. Esta música lembra os sambas ponteados dos compositores Donga e João da Baiana – lá dos primórdios do samba bem brasileiro.
Depois disso, dá para terminar o domingo em paz e aguarda a segunda-feira serenamente.




2 comentários:

  1. Zezão, sobre Roque Ferreira, ouça o disco Quando o Canto é Reza, de Renata Sá, todo dedicado a ele. Uma espécie de songbook caprichadíssimo.

    ResponderExcluir
  2. ROQUE FERREIRA É UM TALENTO INIGUALAVEL QUE MUSICA LINDA!!!! - TOM MEYJOR DESIGN - www.canalclik.com - tommeyjor@gmail.com

    ResponderExcluir