O trovador é uma figura em desuso nos dias atuais. A era moderníssima,
dos supercomputadores interligados em tempo real, com comunicação on
line, entre pessoas próximas ou distantes (fisicamente, ou não), certamente,
não nos permite imaginar um trovador romântico, a percorrer ruas enluaradas, a
enaltecer o amor ou a lamentar a ausência dele.
O dia 18 de julho é reservado para se comemorar o dia nacional do trovadorismo, que já foi popular em Portugal,
espalhou-se pela Europa e influenciou artistas em diversos países, no Brasil, inclusive. Catulo da Paixão cearense era um menestrel convicto, capaz de
transformar em versos qualquer paixão vivida, ou até mesmo os desamores
sentidos.
Evaldo Gouveia e Jair Amorim encarnaram o espírito do artista trovador.
Chegaram a compor uma marcha-rancho com o nome de Trovador, que
reproduzo abaixo na bela voz de Altemar Dutra – outro que ajuda a perpetuar esse
espírito trovadoresco. E como falei de Catulo, tem Rolando Boldrin a declamar a história do Lenhador (o dia 17 de julho é dedicado à preservação das Florestas).
O trovador, na verdade, está na nossa alma, no sangue que herdamos dos portugueses.
Camões foi um grande trovador, a cantar os feitos e as conquistas de seu povo
por mares nunca dantes navegados.
No Brasil de hoje, existem associações que procuram preservar a figura
do trovador. Algumas delas são propostas interessantes, que merecem respeito
e precisam ter apoio do poder público e da iniciativa privada.
Valorizar nossas raízes culturais e não deixar que elas desapareçam é
uma boa política. A frase de Jorge Amado sobre a importância da trova e do
trovador é simplesmente definitiva:
"Não pode
haver criação literária mais popular e que mais fale diretamente ao coração do
povo do que a Trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e por
isto mesmo a Trova e o Trovador são imortais".
Eu, cá com meus botões, fiz algumas quadras em forma de Trova - apenas para ajudar nesse esforço de preservação da nossa cultura.
Trovador
José Carlos Camapum Barroso
Trovador faz poesia
Pra exaltar o amor.
Transforma noite em dia,
Põe riso no lugar da dor...
Retira do fundo da alma
Tristeza que ainda restou,
Paixão que nunca acalma
A vida do sonhador.
Pelas ruas enaltece:
Paixão que não lhe é dada,
Amor que não ousa ter,
Dor que traz emprestada.
Abre a voz na madrugada
E declama apaixonado,
Numa noite enluarada,
Sonhos nunca sonhados.
Dedilha, violão em riste,
Acordes em tom menor...
Menestrel de voz triste,
Uma dor que sabe de cor
Antes do dia amanhecer,
Põe-se firme a cantar,
Pois sente que o anoitecer
Chega antes do sol raiar.
Trovador é um poeta
Que na rua não há mais...
Hoje é só navegador,
Amante de redes sociais.
Pobres casais de agora...
De alma triste a soluçar,
Coração apenas chora,
Sem trovador a trovar.
Vida segue vazia...
Noite fria, sem luar,
Poeta era quem dizia
O
tempo do verbo amar.
Nào consegui ver os vídeos..fiquei só na vontade, mas o texto é mais do que verdadeiro, é necessário....abraços, trovador!
ResponderExcluirSempre atual. És um trovador moderno e um menestrel antigo.
ResponderExcluirValeu, Tuim, obrigado por mais essa participação. Sempre atento aos textos do blog. Abraço.
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