quarta-feira, 27 de março de 2013

Dominguinhos é mais forte que o forró que ele criou e cultivou


Nada neste mundo ocorre ou existe por acaso. E não foi por acaso que Dominguinhos passou mal durante um show em homenagem aos 100 anos de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, no final do ano passado. Até a noite desta quarta-feira, ainda lutava como nordestino forte que é pela sobrevivência. Gonzagão disse certa vez que Dominguinhos tinha inventado o forró e que, portanto, estava com a responsabilidade de perpetuá-lo.
E Dominguinhos cumpriu a missão à risca. Se o forró é forte hoje em todo o Brasil, e conhecido em várias partes do mundo, deve muito a José Domingos de Moraes, esse pernambucano de Garanhuns, nascido no dia 12 de fevereiro de 1941 – completou 72 anos no Hospital.
Dominguinhos não é apenas um exímio instrumentista, mas também um compositor de talento e cantor de timbre de voz forte e agradável. Gravou um dos discos mais belos da música popular brasileira com Sivuca e Oswaldinho, que recebeu o delicioso nome de Cada Um Belisca Um Pouco. Quem nunca ouviu esse CD não sabe o que está perdendo. É uma relíquia e foi todo dedicado a Luiz Gonzaga.
Dominguinhos completou 50 anos de carreira, colecionando prêmios como o da Música Brasileira de 2008 e o Prêmio Shell de Música, em 2010 – este pelas músicas De Volta pro Aconchego, Gostoso Demais e Tenho Sede, sendo que as duas canções primeiras foram em parceria com o talentoso Nando Cordel. Também conquistou o Grammy Latino com o CD Chegando de Mansinho.


Dizem que o nordestino é antes de tudo um forte. Mas, acrescento que é paralelamente muito talentoso, e que, se não o fosse, não sobreviveria. Dominguinhos é um exemplo clássico desse típico cidadão forte e talentoso do Nordeste brasileiro.
O forró é uma bela página da nossa MPB, por toda a sua autenticidade, ritmo gostoso, música ágil e dançante, com letras maliciosas. Dominguinhos deveria sobreviver ao câncer de pulmão que o acometeu, às arritmias que o perseguem desde que passou mal naquela noite histórica de shows em homenagem a Luiz Gonzaga. Deveria voltar a expressar aquele sorriso gostoso, simpático e comovente que acompanha suas interpretações.
Afinal, milagres existem e acontecem. Quem tem um DNAzinho que seja no Nordeste sabe disso e acredita que o grande milagre virá. Padim Ciço está a nos ouvir. Dominguinhos é forte e o forró que ele deixa para nosso deleite é mais robusto ainda. Ambos não morrerão, nunca.



2 comentários:

  1. Nada como ser fiel às raízes..Por isso que amo a música capira, de viola, da catira...Linda crônica, que faz justiça ao Gonzagão e a Dominguinhos, ambos sobretudo fortes, talentosos, como o blogueiro Zecabarroso, cabra bão de Uruaçu, mas de raízes nordestinas, como esses dois cabras da muléstia! Muito bão, meu fio!

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    1. É mestre Itaney, nossas raízes são pujantes. Temos orgulho delas e motivo para admirá-las. Sejam as nossas raízes do samba, da música caipira, nordestina, os tambores do norte brasileiro ou as milongas do Sul. O Brasil é muito rico culturalmente. Grande abraço.

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