Tom Zé, na minha modesta forma de ver e ouvir a música popular brasileira, é uma das nossas maiores genialidades. Principalmente por não abandonar, nunca, a criatividade mesmo tendo um conhecimento musical que lhe permitiria deitar numa rede e descansar, como bom baiano que é. Mas Tom Zé, não, prefere trabalhar muito, criar sempre e procurar incansavelmente algo verdadeiramente novo para o seu (nosso) universo musical.
Acho que quem não sabe ouvir e
apreciar Tom Zé, bom sujeito não é. Esse compositor baiano é um dos expoentes
do movimento tropicalista, embora tenha sido afastado pelos conterrâneos
Caetano Veloso e Gilberto Gil num daqueles tantos momentos de imbecilidade dos
anos da ditadura (musical, inclusive).
Caetano, hoje, reconhece em artigo que
o disco de Tom Zé, Tropicália Lixo Lógico, lançado em meados do ano passado, “é
o melhor disco de Tom Zé desde que ele renasceu artisticamente, convidado a
sair do esconderijo para onde nós o empurráramos nada menos do que por David
Byrne, o mais elegante de todos os roqueiros”.
"A música de Tom Zé é diferente de qualquer música
"A música de Tom Zé é diferente de qualquer música
brasileira que ouvi até hoje... Expande incessantemente os
limites
da canção popular, adotando formas inesperadas,
que nos surpreendem e encantam, com percepção aguda
dos acontecimentos. Olha a grande cidade com olhos -- e ouvidos –
de poeta. Descobre
beleza em regiões estranhas.
[Sua música] nos dá esperança." David
Byrne
Isso é verdade. Foi preciso um
estrangeiro dizer que Tom Zé era um gênio da música brasileira para que todos
passassem a aceitar o que na realidade era óbvio. David Byrne, ao participar de
um festival de cinema em São Paulo, ouviu vários discos de música brasileira e
ficou encantado ao conhecer Estudando o Samba, uma obra prima do compositor
baiano.
Abaixo, uns versos para fazer uma
pequena homenagem a esse genial músico brasileiro e uma das músicas mais
interessantes de seu novo CD: Tropicalea
jacta Est.
Ouçam com atenção e passem a conhecer
uma bela página na nossa história cultural. Depois, será possível dormirmos em paz.
O tom do Zé
José Carlos Camapum Barroso
Tom Zé
É o que é:
Um tipo Mané
Cabeça em pé
Samba no pé
Sapato chulé
Roupa rapé.
Nordestino que é:
Fala com fé
E ouve até...
Esse é Tom Zé:
Mais que lelé
Leite com café
Uma voz cuité
Língua de sapé
Ideias de filé.
Cabeça em pé:
Esse é Tom Zé,
É o que é.
Isso mesmo! ele "é o que é" e por isso, é o máximo!
ResponderExcluirabraço, melissa