Solidão, como bem define a música de Paulinho da Viola, é “lava que cobre tudo”. Solidão nos faz lembrar um manto escuro, pesado, a nos envolver intensamente, nos escondendo e nos tornando pequenos diante de tudo que acontece no mundo e na vida. Diz a canção que ela é “amargura em minha boca” e “sorri seus dentes de chumbo”.
Nada mais pesado e ao mesmo tempo de
uma beleza poética sem precedente para falar de um tema tão recorrente no mundo
das artes. Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marques, trata do tema por
meio da história dos Buendía. Tornou-se um dos livros mais lidos e reconhecidos
da literatura mundial – um ícone do realismo fantástico.
Esse tema da
solidão é visitado, também, com frequência pelos poetas, que nos propiciam
frases lapidares como a de Fernando Pessoa:
“Enquanto
não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.”
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.”
Ou os
versos de nosso querido e saudoso Vinícius de Moraes:
“A maior solidão é a do ser que não
ama.
A maior solidão é a dor do ser que se
ausenta,
que se defende, que se fecha,
que se recusa a participar da vida
humana.”
É isso. O remédio
para a solidão é a vida. Vivê-la intensamente, sem desperdiçar as
possibilidades que se nos apresentam. Ter alguém ao lado não basta. Necessário também
estar de bem consigo mesmo para poder estar ao lado de alguém e, mais ainda, poder mantê-la sempre presente, participante e integrada. É o Stand By Me, a canção antológica do
compositor e cantor de soul americano
Ben E. King. Não fez sucesso mundo afora por acaso.
O vídeo abaixo
mostra a canção cantada de forma harmônica por diversos países do mundo, unindo
povos distintos, culturas diferentes num mesmo refrão: fique comigo! Logo em
seguida, outro vídeo com a voz maravilhosa de Nana Caymmi para os belos versos
de Vinícius de Moraes e a melodia impecável de Tom Jobim, em Eu Não Existo Sem Você.
Haja solidão para
resistir a tanta poesia e tantos talentos.
A solidão é como a chuva que admiramos de vez em quando, é como a necessidade de chorar e se permitir chorar . É quando a lua, as estrelas e o sol são os únicos brilhos que nos bastam . Sentir a solidão que bate sem explicação é poético e necessário . Ser solitário é uma outra questão. O importante é não mirar as estrelas como cruzes. Belo texo, belas músicas. Parabéns meu irmão !
ResponderExcluirJurinha, sempre presente com sua capacidade de observação, seu senso poético e sua visão de mundo pura e sensível. Obrigado, irmã, e feliz Dia da Mulher. Beijos.
ExcluirEscrevo de novo, que nào sei se foi publicado. Seu texto é certeiro, em coautoria com Pessoa e Vinícius! Nunca estiveram tão bem acompanhados, esses poetaços. Combina com a voz personalíssima de Nana Caymi. Quanto ao soul de Ben King, há de se ouvir, de preferência sem palavras ou ruídos...Valeu, cara!
ResponderExcluirMestre Itaney. Sempre visitando o blog com seus comentários poéticos e precisos. Obrigado e um grande abraço. Continue por aqui.
Excluir"detesto quem me tira de mim mesma e não me oferece companhia de fato"
ResponderExcluirAmo esta frase
abs,
Melissa
Rapaz, falar o que após este seu texto? Maravilha... Ainda usando trechos de Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes. Show!
ResponderExcluirSolidão é mesmo tudo isso descrito por você. Adorei Zeca.
Forte abraço!