segunda-feira, 1 de abril de 2013

Aldir Blanc veio pra nos sacudir, nos faz rir e às vezes chorar

 
Aldir Blanc é tão significativo para nossa geração quanto Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Caetano Veloso e os Beatles. Aldir fez a nossa cabeça por meio de suas letras maravilhosas que começamos a conhecer no início da década de 1970, principalmente pela parceria maravilhosa com João Bosco, que nos rendeu uma das mais belas páginas da nossa música popular. Ele, carioca da gema, fazendo medicina com especialização em psiquiatria. João, mineiro de Ponte Nova, estudando engenharia em Ouro Preto. É muita riqueza cultural! Tinha que dar no que deu.
Esse carioca nascido no Estácio, berço da urbanização do samba, começou a compor no final da década de 1960. A primeira foi uma parceria com Sílvio da Silva Júnior, A Noite, a Maré e o Amor, que conseguiu ser classificada para o III Festival da Canção (TV Globo), em 1968. Classificou quatro músicas para festivais nos anos de 1969 e 1970. Neste ano, compôs, em parceria com o mesmo Sílvio, o antológico Amigo É Pra Essas Coisas, interpretado pelo conjunto vocal MPB4.
Logo, logo, veiou a parceria com João Bosco que se consolidou com a gravação do extraordinário Agnus Sei, fazendo parte de um disco compacto, que tinha do outro lado simplesmente Águas de Março, de Tom Jobim, uma das mais belas músicas do repertório nacional. Era o ano de 1972 e o prenúncio de que aquela seria uma década avassaladora na MPB.
Aldir Blanc é um sujeito simples, tido pelos amigos como uma pessoa “normal”, embora use barba e cabelos de careca rebelde. Letrista de fino trato já recebeu elogios até de Chico Buarque de Holanda: “Aldir é uma das glórias das letras cariocas, bom de ler e de ouvir, bom de esbaldar de rir”. Também foi baterista e chegou a participar de uma banda nos anos de 1960, conhecida com Rio Bossa Trio, que mais tarde virou GB-4. Aldir Blanc também nos surpreende cantando, como pode ser conferido nos vídeos abaixo.
Esta semana chega às livrarias o que estava faltando: um livro biográfico sobre esse extraordinário compositor. Escrito pelo jornalista Luiz Fernando Vianna, a biografia recebeu o sugestivo título de Aldir Blanc: Resposta ao Tempo. Teremos a oportunidade de conhecer melhor esse brasileiro sensível, de alma poética, que viveu bons momentos e dramas, como ao perder as filhas gêmeas, em 1974, nascidas prematuramente.
Aldir Blanc também fez belas parcerias com o músico Guinga e com o sambista Moacyr Luz. Em 2006, publicou o livro “Rua dos Artistas e Transversais”, reunindo crônicas de dois livros lançados em 1978 e 1981, e mais 14 crônicas escritas na revista Bundas e no Jornal do Brasil. Também naquele ano de 2006, Aldir Blanc nos presenteou com belo disco em que participa como cantor, intitulado Vida Noturna, gravado pela Luz Music.
Ouvindo essas raridades e olhando para todo o talento que Aldir Blanc expressa ao longo de sua carreira, podemos sentir orgulho da nossa música popular. É realmente uma das mais belas do mundo. Aldir é o cara que veio pra nos sacudir, nos encher de orgulho e nos fazer rir - às vezes, chorar. Isso, sim, é Brasil.
 

 
 

Um comentário: